Tráfico usa WhatsApp para dá aviso a moradores do Rio de Janeiro

Estratégia de usar aplicativo de celular para espalhar medo vem sendo empregada em ao menos 12 bairros

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Quando recebeu a mensagem de áudio em seu smartphone na noite do último dia 20, X., de 41 anos, logo pensou se tratar de um trote. Na gravação de 49 segundos, com o som de tiros ao fundo, uma voz ameaçadora anunciava, por meio do aplicativo WhatsApp, um toque de recolher devido à morte de integrantes da facção criminosa numa disputa que traficantes travam pelo controle de comunidades nos bairros Paraíso e Porto Velho, em São Gonçalo.

X. mora no Paraíso há mais de 20 anos, longe dos territórios em disputa. O profissional liberal trabalha no Rio e não tem ideia de como seu número de telefone foi parar nas mãos dos bandidos.

— O mais assustador foi descobrir que não fui o único a receber a mensagem. No dia seguinte, fiquei sabendo que o mesmo havia acontecido com vários vizinhos. E pior: por três dias consecutivos, escolas, comércio e postos de saúde não abriram as portas, confirmando as ameaças dos bandidos — disse.

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A estratégia de usar o WhatsApp para espalhar o medo entre moradores vem sendo empregada em ao menos 12 bairros. É o que estima a presidente do Conselho Comunitário de Segurança do município, Thereza de Paula e Silva, de 54 anos. Segundo ela, há relatos sobre o recebimento das gravações ameaçadoras por pessoas que vivem nos bairros Lindo Parque, Barro Vermelho, Santa Catarina, Porto Novo, Patronato, Jardim Catarina, Salgueiro, Itaúna, Luiz Caçador e Itaoca, onde moram pelo menos 300 mil pessoas.

— E não é apenas dentro das favelas. Conheço muita gente que mora até no Centro do município e recebeu a mensagem. Em várias localidades, o morador que chega de carro à noite é obrigado a circular com faróis baixos, pisca-alerta e luz interna do veículo ligados, por ordem dos traficantes — assegura.

 

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