Dois militares acusados de entregarem três rapazes do morro da Providência, no Centro do Rio de Janeiro, a traficantes do morro da Mineira, favela dominada por uma facção criminosa rival, vão ser julgados pelo Tribunal do Júri, por determinação da Justiça Federal. Vinícius Guidetti de Moraes Andrade e Leandro Maia Bueno, que estão presos desde 2008, quando ocorreram os crimes. Eles tiveram a prisão mantida pelo juiz Erik Navarro Wolkart, da 7ª Vara Federal Criminal.
Os demais nove militares que participaram da ação não serão julgados pelos crimes por falta de provas. Andrade e Bueno são acusados de triplo homicídio doloso (com intenção) qualificado e por motivo torpe (repugnante). De acordo com o processo, eles entregaram Wellington Gonzaga da Costa Ferreira, David Wilson Florenço da Silva e Marcos Paulo Rodrigues Campos aos criminosos. Eles foram amarrados, espancados, torturados e mortos.
Os dois militares vão responder pelos crimes porque, para o juiz, conheciam o risco que os jovens corriam de morrer nas mãos dos criminosos e o fizeram para se vingar de um suposto desacato aos militares.
Para o juiz, os crimes foram cometidos de forma a impossibilitar ou ao menos dificultar a defesa das vítimas, já que eles foram rendidos por vários militares armados e depois entregues a traficantes também portando armas.
Na época, em depoimento à Justiça, Andrade declarou que queria somente dar um susto nos rapazes , mas, segundo o juiz, chegou a ver as vítimas apanhando de seis traficantes e nada fez.