Presos no domingo quando saíam de uma boate em Ciudad Del Este, no Paraguai (fronteira com Foz do Iguaçu), os supostos traficantes Ricardo dos Santos Silva, o Tubarão, 34 anos, e Anderson Bonfim Alencar, o Cabeção, 30 anos, movimentaram cerca de de R$ 25 milhões desde o início do ano em venda de drogas e de armas, segundo investigações da Delegacia de Repressão a Armas e Entorpecentes (Drae).
Os negócios da dupla baseavam-se em 15 fuzis enviados por mês do Paraguai ao Rio, em diversos caminhões carregados, ainda com até 200 kg de cocaína cada, rendendo R$ 3 milhões mensais, de acordo com a delegada Márcia Becker, titular da Drae. Um desenho do Super-Homem revelava a identidade da cocaína da dupla aos compradores no Rio, como "marca registrada". Segundo a delegada, os fuzis vendidos pelos dois, de diversos modelos e calibres, eram "bem cotados no mercado negro", custando de R$ 40 mil a R$ 60 mil.
Tubarão e Cabeção seguiram trajetória semelhante à de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, 42 anos, preso desde 2002, ao saírem de favelas do Rio para traficarem desde o Paraguai. Ambos são oriundos de comunidades dominados pelo Comando Vermelho. Tubarão teve uma residência registrada em seu nome descoberta durante operação policial no Complexo do Alemão em 2007. Cabeção, por sua vez, era do Jardim América, bairro da Zona Norte vizinho a Vigário Geral.
De acordo com as investigações da Drae, os dois estabeleceram-se no Paraguai no início deste ano, após contatos com traficantes do país vizinho. Embora a principal freguesia da dupla fosse de favelas dominadas pelo Comando Vermelho, como Jacarezinho e os complexos do Alemão e da Penha, eles também passariam a fornecer armas e drogas para facções rivais.
"Os dois buscaram uma vida mais lucrativa e teoricamente menos arriscada", disse a delegada, acrescentando que Tubarão e Cabeção viviam em casas do condomínio de luxo Country Club Paraná - às margens do Rio Paraná - onde mora a família do ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner (1912-2006).