A casa onde o traficante Paulo Roberto de Souza Paz, o Mica, estava hospedado ao ser preso, na tarde de segunda-feira (20), revela que o traficante pretendia passar o carnaval no maior conforto respirando a brisa do mar. Imagens obtidas pelo G1 mostram o imóvel, situado à beira da praia de Maricá, na hora em que o helicóptero da Polícia Civil chegava para levar o preso.
A fachada tem cerca de 20 metros, com vista ampla para o mar. Logo na frente, uma piscina rodeada de ombrelones e cadeiras de praia. A casa tem dois andares e possui ao redor um espaçoso quintal gramado.
Segundo o titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), delegado Rodrigo Santoro, o criminoso alugou o imóvel por R$ 8 mil para o período do carnaval. Mica disse que pretendia brincar em um bloco com uma peruca pelas ruas da cidade, de acordo com os policiais.
A prisão foi feita por oito agentes da DRF. O delegado Rodrigo Santoro informou que, após a ocupação dos conjuntos de favela do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, em novembro de 2010, Mica se escondeu na Favela Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Ele é apontado como chefe do tráfico na Penha antes da ocupação policial. Segundo Santoro, havia contra Mica 12 anotações criminais e oito mandados de prisão por tráfico e homicídio.
O traficante foi preso dentro da casa e não ofereceu resistência, de acordo com a polícia. Com ele havia seis homens, que foram encaminhados para a delegacia para averiguações, mas, por enquanto, não há informações sobre antecedentes criminais. Na casa não havia drogas, armas nem dinheiro.
A chefe de Polícia Civil, delegada Marta Rocha, comemorou a prisão e contabilizou as ações em 12 meses à frente da corporação. "Foram 23 prisões de chefes do tráfico e de 45 milicianos. Tudo isso sem dar um disparo", afirmou.
Segundo o governo do Rio, Mica ganhou fama depois de organizar um tribunal do tráfico e condenar quatro comparsas que, em novembro de 2005, atearam fogo ao ônibus 350 (Irajá-Pavuna), matando cinco pessoas.
Ele teria executado o quarteto que participou do crime e jogado os corpos perto da antiga Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), no Grajaú, Zona Norte, hoje Delegacia de Combate às Drogas.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, informou na tarde de segunda que vai pedir a transferência para presídios federais de Mica e Menor Cheru, preso na manhã de segunda no Morro do São Carlos.
R$ 5 mil por recompensa
Mica era um dos criminosos mais procurados do Rio. Em junho do ano passado, o Disque-Denúncia aumentou a recompensa por informações para sua captura de R$ 3 mil para R$ 5 mil. Segundo a polícia, o principal alvo agora é Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, único chefe do tráfico dos complexos do Alemão e da Penha que ainda não foi preso.
O Disque-denúncia oferece R$ 2 mil de recompensa para sua prisão.