As investigações da Polícia Federal indicam que o ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, preso na última quarta-feira (3), e sua esposa, Jéssica de Oliveira Lima, são proprietários de pelo menos oito empresas. Com informações do g1.
De acordo com a PF, parte desses negócios era utilizada pela organização criminosa da qual o ex-parlamentar faria parte. Entre elas está uma franquia da loja oficial do Flamengo, em Campo Grande (MS), apontada como meio de pagamento a um policial acusado de corrupção e a um suspeito de lavar dinheiro do tráfico.
A lista de empresas ligadas ao casal inclui desde um açougue em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio, até a franquia do time rubro-negro. O sócio de TH na loja, Hugo Santana da Silva, chegou a ser nomeado assessor no gabinete do então deputado em junho de 2024, permanecendo dois meses no cargo.
Segundo o inquérito, o policial militar Rodrigo da Costa Oliveira, conhecido como “Costa”, recebeu R$ 31,2 mil diretamente da franquia. Ele teria atuado na segurança de Gabriel Dias de Oliveira, o “Índio do Lixão”, preso recentemente, e também seria responsável por contratar outros policiais para o grupo criminoso.
As apurações ainda apontam que Tharcio Nascimento Salgado recebeu R$ 60 mil, sendo investigado como operador de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico na favela de Senador Camará, Zona Oeste do Rio.
Para a PF, os valores movimentados pela loja não condizem com suas vendas. Em apenas seis meses, mais de R$ 515 mil foram depositados em suas contas.
Na decisão que autorizou a prisão de TH Joias e outras 17 pessoas na Operação Zargun, o desembargador Macario Ramos Judice Neto também determinou a suspensão das atividades das empresas do grupo. Mais de R$ 40 milhões em bens foram bloqueados.
Prisão e acusações
TH Joias foi detido por suspeita de tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, além de envolvimento na negociação de armas para o Comando Vermelho (CV).
As investigações mostram que ele intermediou, em 2024, a venda de dois fuzis por R$ 120 mil a traficantes e também participou da entrada de bazucas antidrones — equipamentos usados para derrubar drones da polícia em operações.
O secretário de Polícia do Rio declarou que a prisão não causou surpresa, lembrando que o ex-deputado já havia sido preso em 2017 pelos mesmos crimes.
Relatórios do Coaf e da PF apontam que, desde 2021, o grupo movimentou cerca de R$ 140 milhões em dinheiro vivo, incluindo valores em reais e dólares.
Imagens divulgadas pela investigação mostram TH deitado em uma cama coberta por cédulas de dinheiro.