A delegada Nathália Figueiredo, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) afirmou em entrevista ao repórter Matheus Oliveira, da Rede Meio Norte, que o tenente José da Cruz Bernardes Filho, da Polícia Militar do Piauí, mais conhecido como B. Filho, foi indiciado por homicídio doloso qualificado.
“De fato ontem nós finalizamos o inquérito, estávamos realmente precisando dessa prova pericial para que chegássemos a uma conclusão. Eu reitero que foi realizada em tempo recorde a perícia pois o caso da criança desde o início foi tratado como prioridade, não somente pelo DHPP, mas como os institutos envolvidos, o Instituto de Criminalística e o Instituto de DNA. Era necessário saber se esse núcleo de chumbo pertencia a esse encamisamento através de análise constatou-se a compatibilidade e também através da micro comparação constatou-se que esse encamisamento pertencia a um projétil que foi expelido pela arma apresentada pelo policial militar”, declarou.
A delegada informou ainda que diante das informações foi realizado o indiciamento. “Realizamos o indiciamento por homicídio doloso qualificado, a qualificadora deve ser o fato da criança ser menor de 14 anos, o dolo é eventual porque não é que houve uma vontade direta do policial matar a criança, mas de certa forma diante da dinâmica da situação através também da colheita dos depoimentos percebeu-se que com a atitude dele ele assumiu o risco, tendo em vista que tanto a mãe como a criança elas estavam na linha de disparo entre as duas pessoas que estavam trocando tiros, então de certa forma, de acordo com meu entendimento ele assumiu o risco”, disse.
Nathália Figueiredo declarou ainda que o caso agora vai para fase processual. “O promotor de justiça como titular da ação penal irá analisar o caso, se mantém ou não como homicídio qualificado ou se será homicídio culposo, isso cabe entendimento ao promotor”, pontuou.
Sobre a informação que o tenente estava ingerido bebida alcóolica antes do assalto, a delegada informou que foram analisadas imagens de câmeras de segurança da região. “A primeira que a gente conseguiu acesso inclusive no dia seguinte ao ocorrido, a equipe de plantão mobilizada pelo delegado Baretta foi coletar as imagens, mas um automóvel estava em uma posição contrária a câmera então a gente não conseguiu ver o que estava acontecendo. No entanto, no sentido oposto haviam câmeras e foi apreendido o aparelho de DVR que foi submetido a perícia, só que a perícia constatou que não havia HD, ou seja, as câmeras apenas registravam imagens, elas não gravavam, então dizer que ele estava alcoolizado ou não, nós não tivemos elementos suficientes para ter esse entendimento. Algumas testemunhas que foram ouvidas relataram que ele não estava consumindo bebida alcoólica, a gente trabalha com fatos, eu não tive elemento suficiente para dizer se de fato ele estava ingerindo bebida no momento dos fatos”, disse.
Smailly Carvalho, advogado da família de Débora Vitória, afirmou que a defesa vai lutar para que os dois acusados do crime sejam condenados. “Posteriormente a denúncia contra os acusados é importante deixar claro que nós advogados da família vamos lutar diuturnamente para que os dois venham a ser condenados nos termos da lei, tanto a pessoa que já estava presa e desferiu o tiro contra a Dayane, como agora o policial que ceifou a vida da Débora. Acreditamos que a Dayane está bem guardada na sua casa, tem muitos familiares e amigos próximos, não acreditamos em nenhuma possibilidade de retaliação”, finalizou.