SEÇÕES

Técnico de enfermagem sofre golpe do falso médico e é demitido; entenda o caso

Sidnei Alves Monteiro, de 47 anos, enviou a lista de ramais telefônicos e alguns prontuários para um homem que fingia ser um profissional do hospital em Santos (SP)

Técnico de enfermagem Sidnei Alves Monteiro é demitido após cair no golpe do falso médico | Foto: Arquivo pessoal
Siga-nos no

Após cair num golpe de um falso médico, um técnico de enfermagem e instrumentador cirúrgico foi demitido de um hospital. O caso aconteceu em Santos, no litoral de São Paulo, e Sidnei Alves Monteiro, de 47 anos, acabou enviando a lista de ramais telefônicos e alguns prontuários para um homem que fingia ser um profissional da unidade de saúde.

O resultado foi demissão imediata. O Hospital Beneficência Portuguesa se pronunciou e informou que o motivo do desligamento foi realizado devido ao um descumprimento às normas internas, principalmente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e as diretrizes institucionais de segurança da informação e do paciente.

COMO ACONTECEU O GOLPE?

O suspeito entrou em contato por meio do ramal telefônico que os funcionários usam para se comunicar. Ele se apresentou a Sidnei com o  nome real de um dos médicos do centro cirúrgico. Inclusive, possuía os nomes completos dos pacientes que estavam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Em seguida, o técnico disse que não tinha a prática de fazer serviços administrativos. Ele, no entanto,  não encontrou uma secretária para ajudar o suposto médico que pedia as numerações dos prontuários dos pacientes, por volta das 9h do último dia 12.

"Prestes a desligar o ramal, devido ao tempo que estava perdendo, o golpista pediu meu celular e pediu que eu fotografasse os prontuários com os números destes, e assim fiz inocentemente", disse Sidnei, destacando ter enviado apenas a capa dos documentos, onde não havia os telefones dos pacientes.

Demissão

O falso médico já havia tentado aplicar um golpe anteriormente em um paciente, mas não teve êxito que ao perceber a movimentação estranha acionou o hospital.   

"De boa-fé, eu falei o que ocorreu. Pensei que iria ajudar na investigação e não ser mandado embora por justa causa", afirmou Sidnei. "Minha carreira de 18 anos foi manchada por eu levar o golpe, eu sou o culpado pelo golpe?", questionou o profissional.

Sidnei registrou um boletim de ocorrência (BO) pela Delegacia Eletrônica e pretende entrar com um processo contra o hospital. Ele lamentou a situação e esboçou preocupação em encontrar um novo emprego. 

"Me sinto triste e abalado, pois sou PCD [Pessoa Com Deficiência], tenho visão monocular [condição de enxergar com apenas um olho] e negro. Tenho ciência de que será difícil um novo emprego, sou pai de família e em pleno Natal fiquei desempregado", lamentou Sidnei.

CASO DE ESTELIONATO

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o caso foi registrado como estelionato e encaminhado ao 2º Distrito Policial (DP) de Santos. A pasta acrescentou que a vítima foi orientada quanto à necessidade de representação criminal para prosseguimento das investigações.

NOTA DO HOSPITAL

No caso em questão, o Hospital Beneficência Portuguesa está tomando todas as providências cabíveis. O técnico de enfermagem e instrumentador cirúrgico Sidnei Alves Monteiro, lotado no centro cirúrgico, foi desligado da instituição por descumprimento das normas internas, especialmente no que se refere à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e às diretrizes institucionais de segurança da informação e do paciente.

Foi constatado que além de expor dados pessoais do paciente, fotografou a tela do computador da instituição com a ficha do enfermo. E mais, o ex-funcionário que atendeu inicialmente, a chamada do pretenso médico em um dos ramais da instituição, passou em seguida a usar seu próprio aparelho celular para manter contato com o suposto profissional. Mais ainda, passou informações sobre um adoentado em setor distinto do qual atuava.

Ou seja, extrapolou de suas atribuições funcionais em prejuízo do paciente e em desacordo com as normas éticas e técnicas do hospital. É do conhecimento de todos os colaboradores da instituição que qualquer informação sobre pacientes só é fornecida com sua devida autorização formal e pelo médico responsável.

A instituição esclarece que foram realizados todos os procedimentos legais para apuração dos fatos, observado, inclusive, o pleno direito do ex-funcionário de prestar esclarecimentos sem nenhuma acusação, apenas a título de elucidação com relação à denúncia apresentada pelo paciente".

Tópicos
Carregue mais
Veja Também