A Polícia Militar informou na manhã deste sábado (27) ter prendido dois suspeitos que aproveitaram a manifestação na Avenida Paulista para utilizar cartões clonados em uma agência da Caixa Econômica Federal da região, na noite de sexta-feira (26). A dupla foi encaminhada para a Polícia Federal.
O protesto em apoio às manifestações do Rio de Janeiro, que começou pacífico, deixou destruídas pelo menos 10 agências bancárias, uma concessionária de automóveis, bases da PM e duas estações do Metrô. Um carro de reportagem da Rede Record também foi alvo dos manifestantes. Foram quase duas horas de atos de vandalismo e pichações nas vias da região. Nenhum manifestante foi detido. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a Polícia Federal, até por volta das 8h15 deste sábado, para comentar o caso dos cartões clonados.
O protesto começou por volta das 18h no Museu de Arte de São Paulo (Masp). Às 18h55, os manifestantes ocuparam os dois sentidos da Avenida Paulista e caminharam em direção ao Paraíso.
Cerca de meia hora depois, mascarados começaram a pichar a Estação Trianon-Masp do Metrô e uma agência do Banco Itaú, que também teve um corrimão arrancado e vidros quebrados. Eles colocaram fogo em sacos de lixo espalhados na via e quebraram relógios no canteiro central da avenida.
Neste momento, um grupo gritava ?sem vandalismo?, enquanto outros manifestantes respondiam ?sem pacifismo?. Pessoas que se identificaram como integrantes do movimento Black Bloc distribuíram panfletos.
Durante a destruição, um homem mascarado dizia que "vandalismo é o que fazem nas escolas, cheias de gente sem educação". Ele afirmou que "manifestação pacífica é passeio pela cidade".
Manifestantes contrários à violência pediam para os atos de vandalismo pararem. "Isso é loucura. Para com isso", disse um dos participantes do protesto.
Depois que a primeira agência foi atacada, grupos começaram a depredar outros bancos na região, sem intervenção da Polícia Militar. A reportagem flagrou depredação em cinco agências do Banco Itaú, duas do Bradesco, duas do Santander e uma do Banco do Brasil. Uma agência do Citibank foi pichada.
Na agência do Banco do Brasil, grupos mascarados usavam pedaços de ferro para quebrar os caixas eletrônicos. Sacos de lixo foram abertos e atirados dentro de uma agência do Itaú. Móveis foram retirados e jogados no meio da rua.
O grupo seguiu pela Avenida Bernardino de Campos e desceu para a Avenida 23 de Maio, onde forçou um ônibus biarticulado a bloquear a pista sentido aeroporto. Manifestantes sacudiram uma van da Rede Record e tentaram colocar fogo no veículo, mas foram dispersados pela Polícia Militar. Foram jogadas bombas de gás para dispersar o grupo.
Os manifestantes correram para ruas da região e um pequeno grupo depredou uma concessionária de veículos Chevrolet na Rua Pedroso.
Depois, eles subiram a Avenida Brigadeiro Luís Antônio e voltaram a bloquear o cruzamento com a Avenida Paulista.
Motoristas que subiam a Brigadeiro foram surpreendidos e trafegaram na contramão para fugir do bloqueio. A PM voltou a usar bombas de gás para dispersar os manifestantes.
Por volta das 21h, as pessoas que participaram do protesto tinham se dispersado. Policiais continuaram na Avenida Paulista para evitar mais atos de vandalismo.
Cacos de vidro das agências bancárias ficaram espalhados pela via. Pichações sujaram as fachadas do Itaú Cultural, de bancos e de estações do Metrô.
Presença da PM
Policiais da Força Tática tentaram conter os atos de vandalismo. A Tropa de Choque não chegou a ser acionada.
Questionado se a polícia demorou para reagir, o porta-voz da Polícia Militar, major Marcel Lacerda Soffner, disse que a corporação fazia acompanhamento da manifestação para não colocar em risco as pessoas que agiam pacificamente.
A Secretaria da Segurança Pública informou, em nota, que "todos os fatos relativos à manifestação ocorrida na Avenida Paulista serão apurados".