Crime: camelôs vendem dados de famosos

Com R$ 200, R7 teve acesso a DVD com CPF e demais dados de 7,6 mi de pessoas

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O acesso ilegal a dados sigilosos da Receita Federal, assunto que tem dominado as discussões durante a campanha eleitoral deste ano, não se restringe apenas ao mundo político. Uma simples visita a camelôs no centro de São Paulo e é possível encontrar dados como o CPF, o endereço e o telefone de personalidades do futebol, da televisão e até de empresários famosos.

Veja dados de famosos

Na última quinta-feira (2), o R7 conseguiu comprar um DVD com dados cadastrais de mais de 7,6 milhões de pessoas e de quase quatro milhões de empresas por R$ 200, na rua Santa Ifigênia, no centro de São Paulo. O material é vendido discretamente por vendedores ambulantes na rua, a menos de uma quadra de uma delegacia da Polícia Civil, e vem até com uma capa plástica com as letras RF ? iniciais da Receita Federal.

O banco de dados vendido nas ruas, porém, não tem informações fiscais, como as que supostamente vazaram da declaração de Imposto de Renda da filha do tucano José Serra, Verônica Allende Serra.

Mesmo assim, com o DVD em mãos é possível ter informações como o endereço em Santos do ex-jogador Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, ou o CPF do empresário Eike Batista, dono de uma das maiores fortunas do país. Há ainda informações como telefone, atividade comercial, sexo, estado civil, além de informações do INSS.

O maior perigo, apontam especialistas, é que esses dados podem ser usados por estelionatários para aplicar golpes, como abrir uma conta bancária em nome de outra pessoa, ou até chantagear o dono dos dados, por exemplo.

Na última sexta-feira (3), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que vazamentos de dados da Receita sempre ocorreram e que o órgão está investigando "com celeridade" o caso da quebra de sigilo de pessoas próximas ao candidato do PSDB.

- Acredito que vazamentos ocorrem e sempre ocorreram. A gente detecta o vazamento, a gente coíbe, a gente pune, a gente muda o sistema. Aí, infelizmente, depois os contraventores conseguem achar uma maneira de furar isso e aí. Nós temos que aperfeiçoar o sistema.

O delegado Antonio Salles Lambert, da delegacia de Antipirataria do DEIC (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), da Polícia Civil, esclarece que esse tipo de ação está longe do que ocorreu com a filha do ex-governador de São Paulo.

Pelas características das informações disponíveis, o delegado avalia que os dados não precisam ter saído necessariamente da Receita, mas até de uma loja ou instituição financeira, por exemplo. A origem do conteúdo ainda está sendo investigada.

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