A apresentadora Sônia Abrão, que causou polêmica ao entrevistar Lindemberg Alves enquanto ele mantinha a ex-namorada Eloá Pimentel em cárcere privado, foi arrolada pela defesa do acusado como testemunha no caso. A entrevista, ao vivo, foi ao ar em seu programa na RedeTV! no dia 15 de outubro de 2008 --o sequestro, que durou quase cem horas, terminou dois dias depois, com a morte da jovem.
O julgamento de Lindemberg --que vai a júri popular-- está marcado para a próxima segunda-feira (13), no Fórum de Santo André, no ABC paulista. Também foram convocados pela defesa o jornalista Roberto Cabrini, do SBT, e outros quatros profissionais da imprensa. A informação foi passada pela promotora do caso, Daniela Hashimoto, nesta sexta-feira (10).
A defesa de Lindemberg vai convocar 14 testemunhas no total. Questionada se a convocação dos jornalistas é uma estratégia para tentar responsabilizar a imprensa pela morte de Eloá, a promotora preferiu não opinar e disse apenas que ?pode ser?. Mais cedo, no entanto, a promotora disse que a estratégia da defesa deverá ser a de chamar a atenção para outros acontecimentos durante o cárcere privado. ?[A defesa] vai tentar desviar o foco da conduta dele [Lindemberg] para questões periféricas, tentando jogar a culpa na mídia, por exemplo?, disse Daniela.
De acordo com a promotora, a legislação prevê que que as testemunhas que não residem na cidade onde acontece o julgamento não são obrigadas a comparecer. A assessoria de Sonia Abrão ainda não se pronunciou sobre a convocação da apresentadora. O SBT, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que Cabrini vai ao julgamento.
As testemunhas de acusação convocadas pelo Ministério Público são cinco: Nayara Rodrigues, Vitor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira, amigos de Eloá, o irmão mais velho da vítima, Ronicson Pimentel, e o sargento Atos Valeriano.
MORTE
Inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg Fernandes Alves, 22, invadiu o apartamento de Eloá Cristina Pimentel, 15, no segundo andar de um conjunto habitacional na periferia de Santo André, na Grande São Paulo, no dia 13 de outubro de 2008. Armado, ele fez reféns a ex-namorada e outros três amigos dela, que estavam reunidos para fazer um trabalho da escola.
Em mais de cem horas de tensão, o adolescente chegou a libertar todos os amigos, mas pediu que Nayara Rodrigues, 15, retornasse ao cativeiro, no ponto mais polêmico da tragédia.
Em depoimento, Nayara afirmou que, após ter sido liberada, foi procurada por policiais que queriam que ela tentasse convencer Lindemberg a libertar Eloá pelo telefone. Então ela os acompanhou até o local do sequestro e foi orientada pelo rapaz ao celular a subir as escadas. Nayara disse que Lindemberg prometeu que os três desceriam juntos mas, quando chegou à porta, viu que ele estava com a arma apontada para a cabeça de Eloá. Então, ele puxou Nayara para dentro do apartamento e não a libertou mais.
Policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) então invadiram o apartamento, afirmando que ouviram um estampido do local. Em seguida, foram ouvidos tiros. Dois deles atingiram Eloá, um na cabeça e outro na virilha, e outro atingiu o nariz de Nayara. Eloá morreu horas depois.