Libertado da Penintencária de Tremembé, no interior de São Paulo, nesta segunda-feira (9), após 30 dias de prisão, o vigia Evandro Bezerra Silva disse ao G1, por telefone, que passará a noite com seus três filhos, que não vê desde que foi preso.
Evandro, que chegou a narrar à polícia detalhes sobre a morte de Mércia Nakashima quando preso em Sergipe, disse, ao chegar a São Paulo, que o depoimento anterior foi obtido sob tortura.
Agora, beneficiado com habeas corpus que o livrou da prisão preventiva, mas ainda réu no processo sobre o assassinato de Mércia, ele reafirmou que não tem nada a ver com a história.
"Minha versão final vai ser a verdade. E a verdade é que eu não tenho nada a ver com esse crime. Irei provar para a Justiça que sou inocente", afirmou.
Evandro, que chegou a realizar pequenos trabalhos para o advogado Mizael Bispo de Souza, afirmou também que a relação entre ele e o principal acusado de tramar a morte da advogada nunca foi alterada. "Meu contato com Mizael é profissional. Não tenho nada a ver com ele", afirmou. Questionado se guarda mágoas de alguém, ele foi enfático: "Se tem uma coisa que não carrego é mágoa de alguém".
Evandro evitou, durante a entrevista, falar sobre questões específicas relacionadas à morte de Mércia. "Desconheço", respondeu, quando questionado se Mizael teve participação na morte dela. Embora tenha afirmado que nas prisões paulistas foi "respeitado" e que em Sergipe sua estadia "não foi boa", ele não quis falar novamente sobre o episódio da tortura. "Não quero falar mais disso. Só falo diante do juiz." O vigia respondeu com a mesma frase quando foi questionado sobre o que fazia na data em que Mércia foi morta. "Só falo na frente do juiz."
Questionado como se sente, Evandro afirmou: "Eu não acredito que isso esteja acontecendo comigo. Sou uma pessoa normal como todo mundo". O vigia disse que, embora viva de pequenos trabalhos, terá condições de pagar os advogados e pretende retomar a vida que sempre levou. "Amanhã volto à rotina normal. Sempre trabalhei. Tenho outros bicos. Tenho que trabalhar porque tenho três filhos para cuidar", afirmou.
Nesta segunda, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) revogou a decretação da prisão preventiva do vigia. A decisão partiu da desembargadora Angélica de Almeida, do TJ. A liminar pela soltura do segurança foi concedida pela desembargadora após análise do pedido de habeas corpus impetrado na última quinta-feira (5) pelo advogado.
O defensor disse que não havia requisitos para manter Evandro na cadeia, visto que Mizael também estava solto. O mérito da decisão será julgado nos próximos dias pela relatora e por outros desembargadores. Se a decisão pela revogação for mantida, o vigilante responderá ao processo em liberdade.
Evandro estava preso desde 9 de julho. De lá para cá, teve a prisão temporária convertida em preventiva, em 3 de agosto, pelo juiz Leandro Bittencourt Cano, de Guarulhos, na Grande São Paulo. Naquela ocasião, o magistrado também acolheu a denúncia feita pelo Ministério Público contra Evandro e Mizael, que passaram a ser réus no processo pelo assassinato de Mércia. Assim como Evandro, Mizael nega o crime.