O juiz da Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Território (TJDFT) Luis Carlos de Miranda falou pela primeira vez nesta sexta-feira (16) sobre a sua decisão de libertar o pedreiro Adimar Jesus, preso pelo estupro de duas crianças em 2005, que após ganhar liberdade assassinou outros seis jovens de Luziânia (GO), segundo a polícia. Miranda defendeu sua decisão, mas disse compreender a revolta e a dor das famílias das vítimas.
?Imagine o que é uma mãe ver o filho sair e não voltar? Isso abala qualquer um. Não tem como não se comover com as famílias?, afirmou o juiz. ?O sofrimento é esperado. Quem conheceu as crianças e perdeu dessa forma. Isso tem que ser respeitado. Estão no direito deles dentro da dor que sofrem?, complementou.
Miranda classificou a tragédia de Luziânia como um ?crime de comoção? e disse que todo juiz que atua no julgamento da liberdade de detentos corre o risco de ver esse preso cometer novos crime: ?Todo juiz está sujeito a isso?.
O juiz atua a menos de um ano na Vara de Execuções Criminais. Miranda não permitiu que as câmeras de televisão registrassem a coletiva de imprensa prestada na manhã desta sexta por questões de segurança: ?Concedo benefícios e também determino regressões de regime. Muitas vezes, isso acontece com criminosos eventuais ou com integrantes de facções criminosos.?
Documentos
Documentos anexados ao processo que devolveu às ruas o pedreiro Adimar Jesus, assassino confesso de seis jovens de Luziânia (GO), revelam que a Justiça tinha laudos psicológicos que identificaram ?sinais de sadismo? e ?de transtornos psicopatológicos? em um exame criminológico realizado um ano e sete meses antes da sua libertação.
A Justiça também foi alertada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) a implementar ?fiscalização sistemática? sobre Adimar no dia 14 de janeiro deste ano, quando três dos seis jovens já haviam desaparecido.
No pedido ao que o G1 teve acesso, a promotora Maria José Miranda Pereira sustentou que a vigilância constante da Justiça sobre Adimar poderia ?salvar a dignidade sexual de muitas crianças?. A promotora ainda utilizou um argumento direto para justificar sua preocupação sobre a conduta do pedreiro: ?Não existe ex-estuprador. Considerando-se que não existe ex-estuprador e, diante da extrema gravidade dos ignóbeis crimes pelo sentenciado cometidos, requeiro seja expedido mandados para fiscalização sistemática e reiterada?, solicitou Maria José.
O pedido da promotora foi escrito de próprio punho atrás de um dos ?Mandados de Constatação na Residência? ordenados pela Justiça em 7 de janeiro deste ano, para que um oficial fosse até a residência de Adimar para constatar se ele cumpria as determinações judiciais ?de recolher-se à sua residência diariamente, até 21h, e nos dias de folga e feriados?.