O enterro de Laércio de Souza Grimas, 33 anos, o DJ Lah, do Conexão do Morro, morto em uma chacina na madrugada de sábado na região do Campo Limpo, zona sul da capital paulista, foi marcado pelo silêncio das cerca de 200 pessoas que acompanharam o funeral na tarde deste domingo em Embu das Artes, na Grande São Paulo. Os poucos que arriscaram falar sobre a violência na região dizem ter medo do que possa acontecer nos próximos dias.
Na última sexta-feira, Grimas e outras seis pessoas foram mortas no interior de um bar, próximo à sua casa, quando homens armados e com capuzes desceram de quatro carros e começaram a atirar. De acordo com informações da polícia, pelo menos 14 homens teriam participado da ação. Grimas foi morto com 15 tiros.
O local da chacina fica em frente à casa onde policiais militares teriam disparado contra o servente Paulo Batista do Nascimento - em 10 de novembro. Paulo chegou ao hospital morto e a ação foi filmada por um cinegrafista amador. Os cinco policiais envolvidos no caso estão presos.
Além de Grimas, Carlos Alexandre Claudino da Silva, 27 anos, Bruno Cássio Cassiano de Souza, 17, João Batista Pereira de Almeida, 34 anos, Edmílson Lima Pereira Santos, 27 anos, e Ricardo Genuíno da Silva, 39 anos, também morreram. Outros dois foram feridos a tiros. Um continua internado, enquanto o outro, com um tiro na perna, recebeu alta.
Ana*, prima de Grimas, conta que em outubro perdeu o filho Bruno Wagner, 19 anos, em outro ato de execução. "Quando o governador aparece na televisão e fala que está tudo sob controle, não é verdade. Hoje, nós temos medo do Estado, da polícia. Antigamente não era assim", diz ela.
"A lei é que fala"
Samuel Ferreira da Silva, o DJ San Mix, diz que a versão da polícia, de que seu amigo Grimas costumava dizer que era o responsável pelas imagens que mostram policiais militares agredindo e disparando contra o servente é inverídica. "Quero ver provar isso. A lei é que fala. Ele estava no lugar errado, na hora errada. A gente costumava frequentar os bares perto de casa, não devemos nada para ninguém. Somos contra a violência", diz.
No último sábado, o delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Blazeck disse que Grimas poderia ser o alvo da chacina, justamente por costumar dizer que participou da realização de divulgação das imagens. "Ele era uma pessoa que tinha notoriedade local e poderia alegar que ele seria um dos responsáveis por aquilo", afirmou.
*O nome foi trocado a pedido da entrevistada