O delegado Felipe Santoro, da 39ª DP (Pavuna), disse neste domingo que já solicitou as imagens do circuito interno do ônibus 723 (Mariópolis - Cascadura), que foi sequestrado, no fim da tarde de sábado, por Paulo Alberto Ferreira da Silva, de 32 anos. Em depoimento, Paulo explicou porque sequestrou o ônibus e manteve como reféns a estudante do 3º ano do Ensino Médio, Raphaella Lobo, de 17 anos, e o motorista do coletivo, Julio César Pereira.
? Ele achava que poderia estar sendo perseguido. Paulo era acusado de outros crimes e disse que tinha essa sensação. Em nenhum momento teve a intenção de machucar e nem de subtrair bens das pessoas. Quando chegou aqui estava um pouco desorientado ? contou o delegado.
Autuado por sequestro simples e ameaça, Paulo foi levado ontem para o Complexo de Gericinó, em Bangu, onde vai cumprir a prisão em flagrante, que, provavelmente, será convertida em prisão preventiva, disse o delegado.
Negociador do Bope
Sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Glebson Ferreira, negociou durante 50 minutos até o sequestrador libertar a adolescente. Para ele, o caso foi atípico já que o sequestrador fez duas exigências aos policiais: a atenção da imprensa e a presença da família. Ele disse que Paulo parecia ter algum tipo de distúrbio mental:
? O sequestrador não pediu carro, dinheiro, como corre nesses casos. Ele disse que entrou no ônibus porque estava sendo perseguido. Não quis roubar o ônibus ? contou o sargento, que é membro da unidade de intervenção tática do Bope e trabalha exclusivamente no resgate de reféns.
Ferreira entrou no Bope há 14 anos, quando ocorreu o caso do ônibus 174.
? Lembro bem, embora não tenha participado.
Uma jovem de 19 anos esteve na 39ª DP e disse que morava com Paulo no Morro da Formiga. Na segunda-feira, eles tiveram um desentendimento, e o sequestrador a deixou. Segundo ela, Paulo trabalhava, de carteira assinada, como ajudante de pedreiro no Flamengo.