A Justiça decide, nesta quinta-feira (14), o destino do policial militar reformado e advogado Mizael Bispo, acusado de assassinar a ex-namorada Mércia Nakashima, em 2010. O quarto dia do julgamento do réu vai começar às 9h, com os debates entre defesa e acusação.
O júri acontece desde segunda-feira (11) no Fórum Criminal de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ao todo, nove testemunhas foram ouvidas.
Confiantes na inocência de Mizael, seus advogados afirmaram que nem cogitam discutir sobre redução de pena, na hipótese de uma condenação. Ivon Ribeiro, um dos defensores, disse que o réu não aceita outra tese que não a negativa de autoria.
? {Mizael comentou}: ?Posso cumprir o que for, mas sou inocente, portanto, não tem a mínima discussão sobre diminuição de pena, mudança de tese?.
Os dois lados destacaram que não haverá surpresas e tudo que será apresentado em plenário consta no processo. O promotor Rodrigo Merli espera um debate franco:
? Nós nunca escondemos nada. As provas estão aí. Nós só vamos argumentar e interpretar aquilo que já existe, que é de conhecimento da defesa. A própria lei impede qualquer tipo de surpresa nesse momento. Então, vamos para os debates confiantes na condenação.
No mesmo tom, Ivon Ribeiro reiterou que a defesa ?não tem carta na manga?.
? Não temos estratégia nenhuma. Temos o que foi extraído dentro do próprio processo, da própria investigação.
Contradições
O assistente de acusação Alexandre de Sá Domingues adiantou que irá apontar, durante os debates, ?todas as contradições do senhor Mizael?.
? Ele mente e a prova técnica o desmente. As contradições, eu vou guardar para amanhã [quinta-feira], eu anotei. Isso é para a gente abordar no debate.
Laudo contestado
Nesta quarta-feira (13), a defesa de Mizael contestou o laudo produzido pelo perito criminal Hélio Ramaccioti, que calculou o tempo e a distância de dois trechos possivelmente percorridos por Mizael no dia 23 de maio de 2010, data em que a advogada Mércia Nakashima desapareceu.
Os advogados questionaram que, quando os dois caminhos foram refeitos pela perícia, a mesma velocidade média de 39 km/h foi utilizada, mas os tempos se mostraram discrepantes.
Segundo o advogado de Mizael, Ivon Ribeiro, o perito levou 7 min e 30 s para percorrer 9 km e 400 m, correspondentes ao primeiro trajeto. Porém, quando foi se deslocar pelo segundo trecho, cuja distância era de 9 km e 200 m, o tempo gasto foi de 4 min e 10s.
A questão levantada foi que, nas duas simulações, a velocidade média idêntica foi empregada e os trajetos tinham praticamente as mesmas distâncias, mas o resultado apontou tempos muito diferentes. O segundo é quase a metade do primeiro.
A defesa entrou com um pedido de anulação do laudo, que será avaliado pelo Conselho de Sentença ? os sete jurados ? antes dos debates.
Debates
Defesa e acusação terão 2h cada para expor seus argumentos. Se o promotor decidir pela réplica, os defensores de Mizael terão direito à tréplica. Nesta etapa, cada lado dispõe de mais uma hora.
Ao final, os jurados se reúnem em uma sala secreta para decidir se o réu é inocente ou culpado. Em caso de condenação, o juiz Leandro Bittencourt Cano estipula a pena do acusado e dá sua sentença final.