Um médico do interior de São Paulo, Ricardo Stoppe Júnior, se apropriou de uma parte da Floresta Amazônica e faturou R$ 800 milhões por meio de fraudes. O esquema de grilagem foi divulgado neste domingo (18) pelo Fantástico. O médico e empresário de Araçatuba é investigado por ter se tornado, ao longo dos últimos 20 anos, um dos maiores grileiros de terras na região Norte do Brasil.
território invadido é semelhante ao do Distrito Federal
O médico montou um esquema fraudulento e tornou-se proprietário de mais de 500 mil hectares de terras na Amazônia, muitas delas pertencentes à União. A Polícia Federal descobriu que ele e seus sócios alteraram registros oficiais, inserindo folhas falsas em livros de registros de imóveis rurais, alguns com quase 100 anos. Para legitimar os documentos, o grupo pagou propina a funcionários de cartórios e do Incra, garantindo uma aparência de legalidade nas negociações. A dimensão do território invadido é semelhante ao do Distrito Federal: 538 mil hectares.
As investigações da Polícia Federal revelaram ainda, que Ricardo não possui nenhuma posse legítima de terras na Amazônia. A quadrilha forjou uma negociação para adquirir terras de uma antiga família poderosa da região, cuja sede já foi o governo do Amazonas. O processo de regularização foi dificultado pela falta de transparência e pela participação de órgãos oficiais na fraude.
prisão e indenização
Ricardo foi preso em junho deste ano, mas as operações de busca e apreensão continuam, incluindo áreas como a Floresta Nacional do Iquiri, transformada em área de proteção especial em 2008. Apesar disso, Ricardo tentou processar a União, pedindo uma indenização de R$ 100 milhões, alegando ser o dono legítimo das terras, mas a Justiça suspendeu o processo. A Polícia Federal identificou pelo menos 50 membros da organização criminosa.
Os líderes do grupo, incluindo Ricardo Stoppe Júnior, serão indiciados por crimes como desmatamento, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As matrículas fraudulentas foram bloqueadas e o patrimônio será restituído à União. As empresas Moss e Verras, ao tomarem conhecimento do envolvimento de Ricardo, encerraram suas relações comerciais com as partes investigadas.