O artista plástico Cláudio Maksoud, de 53 anos, disse acreditar que o roubo de quatro obras na casa de sua mãe, a colecionadora Ilde Maksoud, foi encomendado. ?Levaram os três quadros mais importantes?, disse.
A ação ocorreu em uma residência de alto padrão na Rua Estados Unidos, nos Jardins, área nobre da capital paulista. A quadrilha chegou na manhã de domingo (10), dia em que a família se reuniria para o almoço do Dia das Mães. Por volta das 9h, os criminosos simularam uma entrega de flores e tiveram a entrada liberada. ?O que me chamou a atenção e vai para o Guinness Book é que entraram 20 pessoas. Minha mãe foi acordada por um homem com metralhadora no quarto?, diz o filho.
Ao todo, seis pessoas foram mantidas presas na casa pelos criminosos: quatro funcionários, a colecionadora Ilde Maksoud e uma parente.
A Polícia Civil acredita que 15 criminosos tenham participado da ação e que parte do grupo ficou mais de uma hora na casa. Cláudio Maksoud conta que, durante a invasão, toda a casa foi revirada em busca de objetos de valor. "Foi como se tivesse passado um furacão?, contou o filho. Ele diz que os criminosos também procuravam um cofre, do qual levaram certa quantia em dinheiro e algumas joias.
Cláudio Maksoud evitou fazer uma avaliação das quatro obras roubadas, principalmente das três telas com maior valor de mercado: ?Retrato de Maria? e ?O Cangaceiro?, de Portinari, e da obra ?Figura em Azul?, de Tarsila. Além delas, ainda foi levada o quadro "Crucificação de Jesus", do pintor ?Orlando Teruz?. ?Teruz tem grande valor artístico, é muito conceituado, mas não tem grande valor?, explica.
O prejuízo da família ainda poderia ter sido maior. ?Os criminosos tinham retirado uma escultura do Victor Brecheret. Puseram dentro de mala, mas acabaram não levando.?
Para o filho, o autor do crime tinha noção do valor das obras e sabia da importância do acervo de Ilde. ?Minha mãe conhece todos os grandes pintores brasileiros. Ela foi colecionando obras desde que eu me conheço por gente e tem um acervo bastante grande?, comenta.
Disfarce
De acordo com informações registradas no boletim de ocorrência, um dos funcionários da casa observou que três dos oito homens que entraram na residência vestiam roupas com a inscrição "Polícia Federal". Ao G1, um dos funcionários disse que uma falha de segurança facilitou a ação dos criminosos: a entrega de uma vaso de flores foi liberada mesmo sem saber quem havia enviado. Durante todo o tempo do roubo, os quatro funcionários, a colecionadora e uma parente foram mantidos amarrados e foram ameaçados.
No domingo, a Polícia Civil informou que o caso será investigado por equipes do 78º Distrito Policial, localizado na mesma rua onde ocorreu o crime. Nesta segunda-feira (11), estabelecimentos comerciais vizinhos serão visitados por investigadores em busca de imagens de câmeras de segurança que forneçam pistas sobre os criminosos.
Com base no depoimento dos funcionários, a polícia elaborou três retratos falados de suspeitos, que devem ser utilizados na investigação. Até a noite de domingo, as imagens não tinham sido divulgadas.