O ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos pelo estupro de 37 pacientes, teve alta do Centro Hospital do Sistema Penitenciário, situado no bairro Carandiru, zona norte de São Paulo, na noite desta quinta-feira (24), e foi transferido para a Penintenciária Tremembé l, no interior de São Paulo, onde deu entrada às 20h50 de hoje, de acordo com a Secretaria de Administração Penintenciária (SAP).
O advogado de Abdelmassih, Antônio Celso Fraga, disse não estar a par da situação.
Abdelmassih havia dado entrada no hospital no último dia 18 de agosto, após exames no IML (Insituto Médico Legal) a pedido da delegacia de capturas e delegacias especiais. No dia anterior, a 6ª Câmara do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) havia revogado a liminar que permitia que Abdelmassih cumprisse a pena em casa.
O ex-médico recebeu a primeira decisão judicial para cumprir pena em casa no dia 22 de junho devido a problemas de saúde. Ele estava detido no presídio de Tremembém, no interior de São Paulo e, desde o dia 18 de junho, estava internado no hospital São Lucas, em Taubaté. No dia 30 de junho, uma decisão do TJ-SP determinou que o ex-médico retornasse para a cadeia.
Depois de retornar ao local no dia 1 de julho, a ministra Laurita Vaz revogou a decisão do TJ, ordenando que o ex-médico retornasse para prisão domiciliar. Em 7 de agosto, foi internado no Hospital Albert Einstein ao contrair uma superbactéria, retornando a residência depois de receber alta médica no dia 15 de agosto. Dois dias depois, a Justiça cassou o cumprimento da prisão domiciliar.
Entenda o caso
Abdelmassih foi preso no dia 19 de agosto de 2014, no Paraguai após investigação da reportagem da Record TV localizar o paradeiro do ex-médico. A prisão foi feita por agentes paraguaios da Secretaria Nacional Antidrogas, com apoio da Polícia Federal. Ele era procurado no Brasil, depois de ter sido denunciado por pacientes de cometer estupro em sua clínica de fertilização em São Paulo, entre os anos de 1995 e 2008.
O ex-médico, que era considerado um dos principais especialistas em fertilização no Brasil, foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por crimes de estupro praticados contra 56 mulheres. Ele teve o registro profissional cassado em agosto de 2009.
Apesar da condenação, em novembro de 2010, Abdelmassih não foi preso imediatamente em virtude de um habeas corpus concedido pelo então presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. Em fevereiro de 2011, porém, o habeas corpus foi cassado pelo próprio STF.
Nessa época, Abdelmassih já era considerado foragido da Justiça. Em janeiro de 2011, nova prisão foi decretada pela 16ª Vara Criminal da capital, baseada na solicitação de renovação do passaporte do próprio médico, o que configurava risco de fuga. Ele, no entanto, conseguiu fugir do país e passou a constar na lista de criminosos procurados pela Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal).
Abdelmassih chegou a ser condenado a 278 anos de reclusão por 48 crimes de estupro contra 37 pacientes entre 1995 e 2008. Em 2014 sua pena foi reduzida para 181 anos em regime fechado. Desde agosto de 2014, Abdelmassih vinha cumprindo pena na Penitenciária II, de Tremembé, interior de São Paulo.