O Ministério Público Estadual de São Paulo afirma na denúncia apresentada à Justiça que o médico Roger Abdelmassih, 65, pratica crimes sexuais desde o início da carreira, há cerca de 40 anos, e apenas preso irá parar de cometê-los, informa reportagem de Rogério Pagnan e André Caramante, publicada nesta quarta-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).
De acordo com o texto, a afirmação da Promotoria de que o médico pratica crimes desde a década de 70 é baseada no depoimento de uma mulher de Campinas (93 km de São Paulo). A mulher procurou os promotores para contar que, há quase 40 anos, teve cólicas renais e foi atendida no SUS. Segundo a vítima, o médico fez propostas sexuais e passou o pênis por seu corpo.
Abdelmassih foi preso na última segunda-feira (17) em sua clínica, no Jardim América (zona oeste de São Paulo), por policiais civis, que cumpriram mandado expedido pelo juiz Bruno Paes Stranforini, da 16ª Vara Criminal. O delegado Algo Galeano Júnior, da 1ª Seccional, informou que no mandado de prisão constam 53 acusações de atentado violento ao pudor e outras de estupro.
Segundo o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) e o advogado do médico, José Luís Oliveira Lima, o pedido de habeas corpus protocolado ontem pela defesa deverá ser analisado pela Justiça nesta quarta-feira.
ACUSAÇÕES
O médico foi denunciado (acusado formalmente) pela Promotoria na última quinta-feira (13) sob acusação de 56 estupros. A denúncia foi feita com base em legislação que passou a vigorar no último dia 7, segundo a qual o antigo "ato libidinoso" passa a ser considerado como "estupro". Pela legislação anterior, seriam 53 atentados violentos ao pudor (atos libidinosos) e três estupros (quando há conjunção carnal).
Em geral, as mulheres o acusam de tentar beijá-las ou acariciá-las quando estavam sozinhas --sem o marido ou a enfermeira presente. Algumas disseram ter sido molestadas após a sedação.
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) abriu 51 processos éticos contra o médico, mostrou reportagem da Folha publicada no último dia 11. Por diversas vezes, o médico negou as acusações.