A família da refém Ana Cristina Garrido disse neste domingo que gostaria de ajudar a família do assaltante Sérgio Ferreira Pinto, que na última sexta-feira foi morto pela polícia depois de passar mais de uma hora usando a comerciante como escudo. Pelo telefone, o professor José Garrido, marido de Ana, disse que ficou surpreso quando leu no EXTRA a história do assaltante. Ele revelou que gostaria de usar o Instituto Fábio Garrido (criado em homenagem ao filho Fábio Garrido, morto em 1992) para dar apoio aos familiares do bandido. E conta com o apoio da mulher...
- A gente queria confraternizar com a família dele. Parece que ele tem um filho de três anos. A gente estaria disposto até a ajudar essa família no nosso instituto. Desde que eles no vejam também como pessoas normais. Nós somos trabalhadores, minha filha e minha esposa estavam ali cuidando do nosso negócio. Perdemos um filho, sabemos o que é isso. Ele foi mais uma vítima da sociedade. O que a gente procura é exatamente isso, tirar crianças da deliquência - explicou ele.
Para o professor, mesmo tendo ameaçado a vida de outras pessoas, inclusive a da própria mulher dele, Sérgio também foi uma vítima:Foto: Reprodução do Orkut / Ana entrega chocolate para as crianças no instituto
- A minha esposa foi vítima, dentro da nossa concepção. Mas aquele rapaz também foi vítima, ele foi levado à deliquência por conta do nosso modelo de sociedade. Acho que este rapaz é o resultado do desamor, de uma sociedade deturpada, equivocada, com políticos corruptos. O sustentáculo daquele garoto era a avó. Depois da morte dela a família se rompeu - disse ele, agradecendo o fato da mulher ainda estar viva:
- Deus deu tanto para a gente, que não podemos nos furtar de ajudar a quem precisa. Ele ainda deu mais um favor para a gente, na semana passada. Precisamos prestar conta disso. Não custa nada diminuir a dor alheia.
Instituto Fábio Garrido
O Instituto Fábio Garrido (veja o perfil do instituto no Orkut) foi criado em homenagem ao filho do casal, que morreu aos nove anos vítima de uma leucemia, diagnosticada um mês após bandidos invadirem a casa da família, no Vaz Lobo, e ameaçar a mãe dele com uma arma na cabeça. O instituto funciona em um sítio na comunidade Ilha de Guaratiba e atende 120 crianças. Em obras, pretende ampliar o atendimento para 200 crianças já no Natal. Os meninos e meninas terão atendimento de fisioterapia, ginecológico e pediátrico, três salas de dança, uma de inclusão digital e duas para reforço escolar. Será montado ainda um escritório para atendimento jurídico:
- A dificuldade de conseguir emprego muitas vezes leva os jovens para o crime. Vamos oferecer oportunidades para esses jovens e tentar incluí-los no mercado de trabalho - explica Garrido.