Quem são os irmãos Menendez, que podem sair da cadeia após 34 anos

O caso, que já era chocante por envolver uma família de alto status em uma área de celebridades, tornou-se ainda mais polêmico quando se descobriu que os responsáveis pelos assassinatos eram os próprios filhos do casal.

Erik e Lyle Menendez | Arquivo pessoal
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Na noite de 20 de agosto de 1989, ao entrarem na luxuosa mansão de José e Kitty Menéndez em Beverly Hills, policiais de Los Angeles se depararam com uma cena horrenda: os corpos do casal, irreconhecíveis após serem atingidos por tiros de espingarda, estavam estirados no chão, rodeados por sangue e restos mortais.

O caso, que já era chocante por envolver uma família de alto status em uma área de celebridades, tornou-se ainda mais polêmico quando se descobriu que os responsáveis pelos assassinatos eram os próprios filhos do casal. Na época, Erik Menéndez tinha 18 anos, e seu irmão Lyle, 21. Eles foram presos no início de 1990 e, após um longo julgamento, condenados à prisão perpétua. Agora, 34 anos depois, a Justiça americana poderá reavaliar o caso, reacendendo a possibilidade de liberdade para os irmãos devido a novas reviravoltas e à influência de uma série de TV.

Nesta quinta-feira (24), promotores de Los Angeles recomendaram o "resentencing" — uma redução da pena dos irmãos Menéndez. O promotor George Gascon sugeriu substituir as sentenças de prisão perpétua por "50 anos a prisão perpétua", o que abriria a possibilidade de liberdade condicional. “Creio que eles já pagaram sua dívida com a sociedade”, afirmou Gascon.

INICIALMENTE ERAM SÓ SUSPEITOS

Inicialmente, Erik e Lyle não foram considerados suspeitos, mas logo atraíram atenção ao exibirem uma vida de luxo financiada pela herança dos pais. Compraram imóveis, carros de luxo e itens de grife, levantando suspeitas. A prova decisiva veio quando Erik confessou os assassinatos ao psicólogo Jerome Oziel, que gravou suas sessões com os irmãos e forneceu as gravações à polícia, culminando na prisão deles mais de seis meses após os assassinatos.

Lyle e Erik Menendez foram condenados pelos assassinatos de seus pais - Foto: Divulgação/ID

O julgamento, iniciado em 1993, foi um dos primeiros a ser televisionado nos EUA e atraiu enorme atenção da mídia e do público. Durante o processo, Erik e Lyle revelaram, em meio a lágrimas, que sofreram anos de abuso sexual, físico e psicológico por parte do pai, com a complacência de Kitty. José teria ameaçado matá-los caso revelassem os abusos.

O primeiro julgamento terminou com o júri dividido, levando à anulação do veredicto. Um novo julgamento foi realizado, sem a presença de câmeras de TV, e depoimentos que corroboravam os abusos e o temperamento violento de José foram desconsiderados. Em abril de 1996, o júri condenou os irmãos à prisão perpétua sem possibilidade de condicional. Separados em diferentes prisões, Lyle e Erik só voltariam a se ver 22 anos depois, em 2018, ao serem transferidos para a mesma unidade.

CASO VOLTOU À MÍDIA

Em 2024, a Netflix lançou uma série intitulada Monstros: Irmãos Menéndez: Assassinos dos pais, com Javier Bardem e Chloë Sevigny interpretando José e Kitty, enquanto Cooper Koch e Nicholas Alexander Chavez dão vida a Lyle e Erik. O programa reacendeu o interesse público e motivou uma nova avaliação do caso. Uma tia dos irmãos, de 92 anos, declarou: “Conforme mais detalhes sobre os abusos sofridos por Erik e Lyle vieram à tona, ficou claro que suas ações, embora trágicas, foram uma tentativa desesperada de sobreviver à crueldade de seu pai."

Em 2023, os advogados dos irmãos apresentaram novas provas de abuso, incluindo uma carta de Erik a uma prima. Promotores de Los Angeles declararam, no dia 17 deste mês, que o sistema de justiça criminal passou a entender melhor os impactos da violência sexual desde o primeiro julgamento dos irmãos Menéndez.

Uma audiência está agendada para o próximo dia 29 de novembro.

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