A operação iniciada nesta terça-feira (13/8) nas comunidades de Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro, teve como objetivo demolir um condomínio irregular com mais de 40 imóveis. Entre os alvos estava um luxuoso quadriplex.
A mansão, com acabamentos de alto padrão, incluía uma jacuzzi, closet, e escadas com iluminação LED automática. O imóvel oferecia uma vista privilegiada para a comunidade, um campo de futebol, e uma área de festas.
Investigações indicam que a casa seria utilizada por Jorge Luís Moura Barbosa, conhecido como Alvarenga, o traficante que domina a região. Foragido da Justiça, ele possui 86 registros criminais e é apontado como responsável pela construção de todo o condomínio de luxo dentro do Parque União, uma das comunidades da Maré.
"Nós sabíamos que esses imóveis eram usados para negociação, seja por inquilinos, locação ou compra e venda. Mas não sabíamos que também serviam para abrigar traficantes. Hoje, nos deparamos com várias unidades de luxo sendo usadas para esse fim", afirmou o delegado Pedro Cassundé.
De acordo com o Portal dos Procurados, Alvarenga raramente circula pela favela para evitar ser visto. Durante muito tempo, a única imagem disponível dele nos bancos de dados de Segurança Pública era a de sua primeira carteira de identidade. Recentemente, novas fotos do criminoso foram obtidas.
Condomínio do Tráfico
A polícia identificou que o imóvel atribuído a Alvarenga faz parte de um "condomínio do tráfico" no Parque União. As investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes revelaram que cerca de 300 casas e apartamentos foram construídos ilegalmente na favela, sendo usados para lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.
Esses edifícios são uma evidência da "milicianização" do tráfico de drogas no Rio. O Comando Vermelho passou a investir no setor imobiliário, utilizando os lucros para lavar dinheiro proveniente do tráfico, vendendo casas construídas com recursos ilícitos. Os imóveis, com alturas variando de um a seis andares, estavam desocupados.
O quadriplex, ainda inacabado, chamou a atenção das autoridades pelo luxo, incluindo acabamentos em mármore, uma piscina com cascata e uma banheira de hidromassagem. Outro imóvel de alto padrão, com dois andares, também possuía uma piscina maior. Engenheiros da prefeitura estimam que a demolição desses imóveis possa causar um prejuízo de R$ 5 milhões ao tráfico.
Força-Tarefa A operação para demolir o condomínio começou na terça-feira (13/8) e envolveu a Polícia Civil e Militar do Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Segundo o MPRJ, alguns dos imóveis chegam a ter seis pavimentos, mas 90% ainda estão na fase de alvenaria e totalmente desocupados. Eles foram construídos sem autorização da prefeitura, sem qualquer responsável técnico.
A Seop informou que não há prazo para concluir a demolição, pois as máquinas não conseguem acessar as casas; por isso, a derrubada é realizada manualmente, com marretas, andar por andar, de cima para baixo.
Além das demolições, a força-tarefa cumpriu 23 mandados de intimação, conduzindo pessoas à delegacia para prestar esclarecimentos.