Quatro corpos mumificados foram encontrados na sexta-feira (4) no necrotério do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, zona norte do Rio de Janeiro. A descoberta foi feita durante uma ação da Polícia Civil, que investigava há meses uma denúncia sobre más condições de conservação dos corpos no local.
De acordo com os investigadores, um dos corpos estava no hospital desde dezembro de 2024. O estado de decomposição era tão avançado que não foi possível identificar o sexo da vítima. Ao todo, havia 14 corpos armazenados no necrotério, e quatro deles estavam completamente mumificados.
Origem da investigação
A apuração teve início após um perito do Instituto Médico Legal (IML) denunciar à polícia que ao menos dez corpos provenientes do hospital chegaram em avançado estado de decomposição. Diante da gravidade do relato, a Polícia Civil instaurou um inquérito e passou a ouvir testemunhas.
Após semanas de investigação, os agentes decidiram realizar uma inspeção no local e encontraram os quatro corpos mumificados. A Polícia Civil informou que todos os funcionários do necrotério e demais responsáveis estão sendo convocados para prestar depoimento. Eles podem responder pelos crimes de fraude processual e vilipêndio de cadáver.
Situação do hospital
O Hospital Salgado Filho ainda não havia se manifestado oficialmente sobre o caso até a manhã deste sábado. No entanto, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro confirmou que a funcionária responsável pelo setor foi afastada.
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou em entrevista à TV Globo que o hospital “não tem interesse em atrasar a liberação de nenhum corpo” e reforçou que “todos os óbitos por causas externas são informados a tempo para as autoridades policiais”.
Soranz acrescentou que três dos corpos encontrados foram identificados e encaminhados para sepultamento. Um segue sem identificação e está sob análise do IML.
Próximos passos
Os corpos mumificados passarão por perícia no Instituto Médico Legal, onde especialistas tentarão determinar as causas da morte e o tempo exato em que permaneceram no necrotério. A Polícia Civil busca também identificar possíveis falhas no controle de entrada e saída de cadáveres no hospital.
Enquanto isso, a Secretaria de Saúde informou que uma sindicância interna foi aberta para apurar responsabilidades administrativas.
Caso gera indignação
O episódio gerou grande repercussão e indignação entre familiares de pacientes e funcionários do hospital. A investigação segue em andamento, e o caso expõe, mais uma vez, as deficiências na gestão e na fiscalização de unidades de saúde pública no Rio de Janeiro.
A Polícia Civil deve concluir o relatório inicial nos próximos dias e encaminhar o caso ao Ministério Público, que poderá solicitar novas diligências.