Detentos do presídio de Catalão, no sudoeste goiano, não querem que o pedreiro de 37 anos suspeito de estuprar e matar a menina Iasmin Martins de Souza Silva, de 8 anos, fique preso no local. Por isso, eles fizeram uma rebelião na tarde de quinta-feira (13). Com a confusão, quatro detentos e um agente penitenciário ficaram feridos.
A rebelião começou após o almoço, quando os detentos se recusaram a entrar nas celas e tomaram os corredores do presídio. Eles ameaçaram invadir a cela especial em que o suspeito estava, mas o pedreiro foi retirado a tempo do local. Durante o ato, o criminoso teve que ficar em um carro de polícia, no estacionamento da cadeia.
A direção do presídio acionou o Grupo Especial de Operação Penitenciária para ajudar a controlar a rebelião. ?Encontramos todos os presos soltos, amotinados, com pedras, ferrolhos, facas e cadeados em mãos. Arremessando esses materiais. Foi usada a força escalonada para conter o motim?, afirmou o diretor regional da Secretaria de Administração Penitenciária, Leopoldo de Castro.
Do lado de fora, vários tiros foram ouvidos. Parentes dos presidiários estavam apreensivos. As ruas próximas à cadeia tiveram que ser interditadas e dezenas de pessoas foram para a porta do presídio.
Quatro detentos foram atingidos por balas de borracha. Dois deles precisaram ser hospitalizados, mas já receberam alta médica da Santa Casa de Catalão. Um agente também ficou ferido e recebeu atendimento no local. Depois da confusão, vários objetos foram recolhidos com os presos.
O juiz criminal de Catalão, André Luiz Novaes, também esteve no presídio. De acordo com o magistrado, não foi possível transferir o preso. ?Nós tentamos em algumas localidades que pudessem receber esse preso. Mas, infelizmente, nós não conseguimos. Os colegas, as unidades prisionais não querem receber presos. Então, ele ficou aqui em Catalão?.
Prisão
A Polícia Civil prendeu o pedreiro de 37 anos na quarta-feira (11). De acordo com o delegado regional da cidade, Jean Carlos Arruda, testemunhas disseram que viram o suspeito com a garota no dia em que ela desapareceu.
Foragido do regime semiaberto, o suspeito foi preso porque há um mandado de prisão em aberto contra ele, por tentativa de homicídio. O homem também tem passagem por estupro.
O suspeito é pai de uma amiga da vítima. Ele nega que tenha cometido o crime.
Crime
Iasmin foi encontrada morta na segunda-feira (9), em uma obra, um dia após ter saído da casa da avó para ir até a feira onde a mãe estava trabalhando. No entanto, a menina não chegou ao destino. Após o sumiço, familiares e policiais chegaram a procurá-la, mas não a encontraram.
Na segunda-feira, o pedreiro Luizmar Bernardes achou a menina morta na obra onde trabalha, no Bairro Paineiras. Ele lembra com tristeza do momento em que viu a menina. "Cheguei e nós [outros colegas] trabalhamos um pouquinho. Quando olhei lá dentro, me deparei com a criança morta lá e chamei outro colega meu para olhar. É triste de ver. A cena é lamentável."
O padrasto da vítima, Roberto de Sá Silva, contou que soube da morte por telefone. "Um tio meu estava ouvindo rádio e me ligou avisando que haviam encontrado uma menina morta. Fui para o local com minha esposa e, infelizmente, era ela."
A mãe da criança, Leidia Martins Pereira, afirmou que a garota passava várias horas por dia na rua. Segundo ela, a filha era muito comunicativa e falava com qualquer pessoa na rua. "Para ela, não tinha estranho", disse.
Leidia falou ainda que, nos últimos dias, a filha apresentava um comportamento diferente. "De uns dois dias para cá, ela não estava bem e ficava na rua até as 23h30. Estava difícil [lidar] com ela. Ela estava nervosa, parece que sabia o que ia acontecer, desinquieta lá dentro de casa", relata.