O Segundo Tribunal do Júri Popular de Fortaleza (CE) condenou a 15 anos de prisão o pistoleiro José Enilson Couras, conhecido ?Courinhas?, e Salvador dos Santos a 12 anos de reclusão. Ambos estavam sendo julgados por um assassinato ocorrido em abril de 1996, o do comerciante Sinval Correia Braga, no município de Jucás - CE. O julgamento durou quase oito horas.
A vítima, Sinval Correia Braga, era tio de ?Courinha? e de seu primo José Viriato Correia Lima, que também é réu no processo. Correia Lima está preso há mais de 10 anos acusado de liderar o crime organizado no Piauí . Segundo informações do Jornal diário do Nordeste, ele será julgado posteriormente, pois está beneficiado por um recurso impetrado pelos seus advogados. O ex-coronel da polícia Militar é acusado de ter emprestado o veículo para que Salvador e "Courinha" executassem Sinval.
De acordo com a acusação do Ministério Público, o crime foi motivado por dinheiro, já que Sinval fez em nome dele e das filhas dois seguros de vida ? (um no Bradesco e outro no Banco do Nordeste) poucos dias antes do assassinato. O valor dos seguros foi o motivador do crime.
O processo sobre o crime passou por três fóruns. Começou a tramitar na comarca de Jucás, depois foi transferido para Iguatu e, por fim, chegou à Fortaleza. O fato de Courinhas ser temido na região poderia comprometer o julgamento.
Os dois acusados negaram envolvimento no crime. Segundo a denúncia, ?Courinha?, Salvador e Correia Lima teriam simulado um acidente de trânsito para provocar a morte da vítima. De acordo com o MP, Salvador transportou a vítima no carro fornecido pelo coronel Viriato. Mas, no trajeto, o motorista teria, propositadamente, jogado o carro dentro de um açude, ficando o veículo submerso a uma profundidade de 12 metros. O corpo do comerciante só foi encontrado no dia seguinte.
O nome do coronel Viriato Correia Lima apareceu em dois momentos. Além da acusação de ceder o veículo para que o plano de morte de Sinval Correia Braga fosse concretizado, o militar receberia parte dos R$ 300 mil do seguro feito em nome do comerciante.
OUTROS CRIMES
?Courinha? é apontado também pela autoria do disparo contra a nuca do engenheiro da antiga Telepisa, José Ferreira Castelo Branco Filho, o ?Castelinho?, no ano de 1998. ?Castelinho? foi assassinado no bairro Horto Florestal, na zona Leste da capital, quando praticava cooper. O dinheiro de um seguro de vida feito em nome da vítima também foi o motivador do crime.
?O plano de morte do ?Castelinho? foi feito pelo Correia Lima?, afirma o delegado Bareta. Nesse processo foram indiciados além de Correia Lima e ?Courinha?, os policiais Francisco Moreira do Nascimento e Francisco Domingos, e a esposa da vítima, Zélia Correia Lima.
?Courinha? foi preso em 2002 no Ceará, com ajuda da polícia piauiense. Ele é acusado de mais de 100 crimes de pistolagem, muitos deles bárbaros, como o ?crime da palha de arroz?. Nesses assassinatos ele executava pessoas por encomenda, cobria as vítimas com palha de arroz e ateava fogo, para desfigurar os corpos e dificultar a identificação.
TABELA DE PREÇO - No dia 17 de janeiro de 2002, ao prender ?Courinha? em sua fazenda Sabiá, nas proximidades do município de Iguatu (a 400 quilômetros de Fortaleza), a polícia declarou ter pegado ?o maior matador da história do país?. O acusado trabalhava inclusive com tabela de preços ? R$ 2 mil para assassinar anônimos e R$ 10 mil para políticos ou personalidades locais.
No Piauí, há pelo menos uma morte de prefeito que lhe é atribuída: a de Francisco Luiz de Macedo, da cidade de Padre Marcos. O médico e então prefeito foi morto em 29 de abril de 1989 em um crime com características de pistolagem.