Preso suspeito de iniciar incêndio em favela;80 barracos queimados

Segundo a SSP, ele colocou fogo em barraco após briga com companheiro. Corpo encontrado pelos bombeiros é de namorado de detido, diz polícia

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Policiais civis prenderam um homem suspeito de ter iniciado o incêndio na favela do Moinho, no Centro de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (17). Cerca de 80 barracos foram atingidos pelas chamas, afetando 300 pessoas e deixando o companheiro do preso morto. No início da tarde, o fogo já havia sido controlado.

(Foto: Luiz Guarnieri/Brazil Photo Press/AE)

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o incêndio começou após um morador da comunidade, que era usuário de drogas, discutir com seu companheiro e atear fogo no barraco onde moravam. O suspeito de iniciar o incêndio teria fugido para uma unidade do Samu e levado ao Pronto Socorro da Barra Funda.

No começo da tarde, policiais do 77º Distrito Policial, em Santa Cecília, encontraram o travesti Fidelis Nelo de Jesus, conhecido como Eliete, de 37 anos, no hospital na Barra Funda e o prenderam em flagrante. De acordo com a polícia, ele nega o crime e afirma que quem colocou fogo no barraco foi seu companheiro, Damião de Melo, de 38 anos. O corpo carbonizado de Damião foi encontrado pelos bombeiros ainda pela manhã, durante o combate às chamas.

De acordo com a delegada Aline Martins Gonçalves, assistente do 77º DP, testemunhas contestam a versão do suspeito e dizem que ele ateou fogo em uma peça de roupa. Em seguida, tirou a mangueira de um botijão de gás, o que ajudou a alastrar o fogo. ?Percebemos que o que ele fez ele imputou à vítima?, disse a delegada. Por isso, ele será indiciado por homicídio qualificado e incêndio.

Para a polícia, Fidelis disse que estava com Damião havia cinco anos. A vítima tinha duas passagens por roubo e outras duas por furto. Ele saiu da prisão em junho e estava desempregado.

Incêndio e interdições

O foco do incêndio foi o barraco onde os companheiros viviam, sob o Viaduto Engenheiro Orlando Murgel. Isso fez com que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) interrompesse o tráfego nos dois sentidos do viaduto. Segundo a SPTrans, 17 linhas de ônibus tiveram que ser desviadas. Por volta das 14h15, a circulação de veículos e de trens da CPTM na região do acidente continuava interrompida.

Segundo a Defesa Civil, as famílias afetadas pelo incêndio estavam sendo cadastradas pela Prefeitura em programas habitação no final da manhã desta segunda. Muitas delas já estavam cadastradas por causa do incêndio que atingiu a favela do Moinho em 22 de dezembro de 2011. Ainda de acordo com a Defesa Civil, a maioria dos moradores preferiu ir para casas de parentes e amigos em vez de abrigos municipais.

No final desta manhã, engenheiros da Defesa Civil aguardavam equipes da Subprefeitura da Sé para iniciar as vistorias no local atingido pelo fogo e no viaduto. A princípio, a Defesa Civil aponta que a parte esquerda do viaduto foi bem afetada pelo incêndio. Apenas as vistorias poderão determinar se a estrutura precisará ser parcialmente interditada ou se poderá continuar acessível. De acordo com a assessoria de imprensa da Defesa Civil, um esquema de bloqueios no local já deverá estar montado até o final desta segunda.

Dezoito equipes do Corpo de Bombeiros fizeram o combate ao fogo em vários pontos da favela. Eles receberam a ajuda de moradores, que tentavam jogar água com mangueiras domésticas e retirar pertences de suas casas.

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) interrompeu a circulação de composições da região da favela do Moinho, por onde passam as linhas 7-Rubi e 8-Diamante. Na Linha 7, o tráfego foi interrompido entre as estações Luz e Barra Funda, e na Linha 8, entre as estações Júlio Prestes e Barra Funda. Os passageiros de um trem precisaram descer e seguir a pé por volta das 7h30.

O vento e o tempo seco contribuem para a expansão das chamas. A cidade de São Paulo completa nesta segunda-feira, 61 dias sem chuvas significativas, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). No Twitter, os bombeiros informaram que desde o início do ano foram registrados 68 casos de incêndios em moradias populares (favelas) na cidade de São Paulo.

A favela do Moinho tem, segundo a Prefeitura de São Paulo, 375 moradias. A comunidade foi atingida por um grave incêndio no final do ano passado. O incêndio de dezembro de 2011 abalou as estruturas do Edifício Moinho, que precisou ser implodido pela Prefeitura - a circulação dos trens da CPTM chegou a ficar interrompida por semanas no local.

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