A Polícia Civil do Distrito Federal decidiu indiciar o homem de 23 anos preso suspeito de se passar por uma menina nas redes sociais para pedir fotos de crianças e adolescentes nus. Segundo a Polícia Civil, o total de vítimas no país já passa de 100.
A investigação, que iniciou há quatro meses, apontou que o suspeito usava o nome falso de Luíza Emanuelly, na internet, e dizia ter 14 anos. Ele foi preso no último dia 21 de julho, Em Teresina, no Piauí.
O homem foi levado para Brasília, e vai responder por estupro virtual e pornografia infantil. Para esses casos, a pena varia de 20 a 41 anos de prisão. Como a identidade dele não foi divulgada, a reportagem não conseguiu localizar a defesa.
Leia abaixo algumas conversas entre o criminoso e vítimas. A um menino, a suposta garota pediu fotos íntimas:
- "Pra namorar comigo tem que mandar nudes", escreveu o suspeito.
- A criança respondeu: "Não tenho vergonha, talvez amanhã eu mando para você".
Nas redes sociais, Luíza Emanuelly chegou a ter 1,2 mil seguidores. A maioria, segundo a polícia, meninos de 8 a 15 anos. A investigação também apontou que a suposta adolescente adicionava as crianças nas redes sociais e em jogos virtuais e começava a puxar assunto pelo chat, até ganhar intimidade.
Uma moradora do DF, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que o homem conversava com o filho dela, de 13 anos, desde dezembro do ano passado. A investigação começou após ela denunciar o caso à polícia.
"Ele [filho] contou que teria conhecido a suposta menina no Instagram mesmo. 'Ela' pediu para seguir ele, e ele seguiu de volta", contou a mãe de uma das vítimas.
"No começo eles conversavam coisas normais, de amigos, aí, depois, foram vindo mensagens mais pesadas, [...] pedindo fotos, com uma intimidade maior e pedindo coisas bem estranhas."
A mãe contou ainda que quando o garoto decidiu não mandar mais fotos, o homem postou na internet as imagens que recebeu da vitima.
Mais de 100 vítimas
Com o celular do criminoso em mãos e com o avanço das investigações, a Polícia Civil descobriu que o número de vítimas passava de 100, em 18 estados.
Segundo a corporação, Santa Catarina foi o estado onde o criminoso mais agiu, assediando 22 crianças e adolescentes. Em seguida, São Paulo (15), Paraná (14), Minas Gerais (9) e o Distrito Federal (4).
Além disso, a Polícia Civil faz um alerta de que o número pode ser ainda maior.
"As investigações seguem nesse sentido. Até então acreditamos que [o crime] era para satisfazer a própria libido dele, mas há indícios de que ele também poderia vender essas imagens", explicou a delegada Ágatha Braga, à frente do caso.
"Primeiro, é preciso monitorar os filhos. Os pais precisam saber com quem os filhos conversam nas redes sociais e precisam entender que, nesse caso, os filhos são vítimas e devem procurar a delegacia mais próxima e registrar o ocorrido", disse a investigadora.