A UPP do Vidigal está investigando uma denúncia de que um policial teria confundido um pincel com uma arma e atirado contra um artista plástico, na madrugada de ontem. O alemão Jan Siebert, de 40 anos, mora na comunidade há três. Tem o hábito de pintar cenários do Vidigal à noite, ao ar livre. Ontem, todavia, enquanto retratava um beco na Rua Padre Anchieta, disse ter sido surpreendido por um disparo, por volta de 1h30m.
Policiais foram ao local para uma investigação preliminar. Segundo a assessoria do Comando de Polícia Pacificadora, os moradores negaram aos PMs terem ouvido tiros. Um morador, porém, confirmou a versão de Jan.
? Ouvi o disparo e fui até a janela. Um policial estava falando com ele (o pintor) em tom agressivo ? explica o homem, que preferiu não se identificar.
Jan conta que estava concentrado num detalhe do quadro quando ouviu o tiro. Após o estampido, percebeu os PMs a cerca de 30 metros, descendo da localidade conhecida por Arvrão:
? O atirador vinha na frente, gritando para eu abaixar a arma. Larguei o pincel no chão e ergui as mãos.
Já próximo, Jan relata que o policial manteve uma postura agressiva, mesmo após constatar que o aritsta não estava em atitude suspeita.
? Ele me xingava o tempo inteiro, como se eu representasse uma ameaça. O policial estava mais assustado que eu. Parecia que os papéis estavam invertidos. Ele chegou a perguntar: "E seu tivesse te atingido?" ? afirma.
Jan continuou pintando até as 4h. Na manhã seguinte, foi à sede da UPP, onde diz ter feito o pedido: "Se puderem evitar de mandar bala enquanto eu estiver pintando, agradeço".