A Polícia Civil prendeu, nesta quarta-feira (11), um homem suspeito de estuprar e matar a menina Yasmin Martins de Souza Silva, de 8 anos, em Catalão, na região sudeste de Goiás. De acordo com o delegado regional da cidade, Jean Carlos Arruda, testemunhas disseram que viram o suspeito com a garota no dia em que ela desapareceu.
?Um morador do bairro afirmou tê-lo visto andando com a criança durante a tarde de domingo. Outra testemunha alega também tê-lo visto saindo de uma construção, não o mesmo local onde foi encontrada a criança, mas ainda assim a testemunha estranhou o fato?, afirma o delegado.
O homem, de 37 anos, foi preso porque já tinha um mandado de prisão em aberto. Segundo a Polícia Civil, ele é usuário de drogas e tem várias passagens na polícia, inclusive por estupro. Após ser detido, o suspeito foi encaminhado à delegacia regional de Catalão. ?Ele alega que estava trabalhando, mas não conseguiu provar. Nos questionamentos feitos a ele, as respostas são vagas?, relata Arruda.
A Polícia Civil informa que já coletou material genético do suspeito para comparar com o coletado na vítima. O material será enviado para Goiânia, onde serão feitos os exames. Segundo a polícia, o prazo para que o resultado fique pronto é de 10 a 30 dias.
?Essa é a principal linha de investigação, mas não descartamos outras hipóteses. Vamos continuar investigando, inclusive a possibilidade de ser alguém próximo da criança?, afirma o delegado.
Crime
Yasmin foi encontrada morta na segunda-feira (9), em uma obra, um dia após ter saído da casa da avó para ir até a feira onde a mãe estava trabalhando. No entanto, a menina não chegou ao destino. Após o sumiço, familiares e policiais chegaram a procurá-la, mas não a encontraram.
Na segunda-feira, o pedreiro Luizmar Bernardes achou a menina morta na obra onde trabalha, no Bairro Paineiras. Ele lembra com tristeza do momento em que viu a menina. "Cheguei e nós [outros colegas] trabalhamos um pouquinho. Quando olhei lá dentro, me deparei com a criança morta lá e chamei outro colega meu para olhar. É triste de ver. A cena é lamentável."
O padrasto da vítima, Roberto de Sá Silva, contou que soube da morte por telefone. "Um tio meu estava ouvindo rádio e me ligou avisando que haviam encontrado uma menina morta. Fui para o local com minha esposa e, infelizmente, era ela."
O corpo de Yasmim foi enterrado no Cemitério São Pedro na manhã de terça-feira (10). Na despedida, o clima era de indignação e muita revolta. "Peço justiça, porque confio na lei", disse Andreia Luíza Souza, tia da menina.
A mãe da criança, Leidia Martins Pereira, afirmou que a garota passava várias horas por dia na rua. O Conselho Tutelar chegou a advertir a família um dia antes do desaparecimento e não descarta a possibilidade de responsabilizar a mulher por negligência.
Leidia afirmou ainda que, nos últimos dias, a filha apresentava um comportamento diferente. "De uns dois dias para cá, ela não estava bem e ficava na rua até as 23h30. Estava difícil [lidar] com ela. Ela estava nervosa, parece que sabia o que ia acontecer, desinquieta lá dentro de casa", relata.
A conselheira tutelar Almirinda de Fátima Carneiro informou que, um dia antes do desaparecimento, recolheu Yasmin na casa de desconhecidos e advertiu a mãe da menina. "No sábado, uma família me ligou dizendo que havia uma criança brincando com os filhos deles. Apareceu lá na casa e eles não sabiam o que fazer, visto que já havia cinco horas que a criança estava lá e ninguém a tinha procurado. Eles a teriam levado na casa da mãe, e ela não estava", afirma.
Almirinda foi ao local e conduziu Yasmin para a residência. Chegando lá, encontrou a mãe e perguntou por que a menina ficava tanto tempo na rua. "Ela disse que a criança costumava ficar na rua com o irmão menor. Ela foi advertida quanto a isso. Eu falei que ela seria encaminhada à nossa rede de proteção e também à equipe do Cras [Centro de Referência de Assistência Social], para fazer um trabalho com a família."
Segundo a conselheira tutelar, a criança já havia sido monitorada em duas outras ocasiões. "Em 2008, Yasmin foi acompanhada e, em 2011, as crianças (ela e o irmão) ficaram quatro meses abrigadas. Retornaram à família porque a mãe já estava preparada para receber os filhos", afirma Almirinda.