A polícia prendeu hoje Severino Alves da Silva, o terceiro integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) suspeito de ter participado da morte de quatro seguranças em uma fazenda na região de São Joaquim do Monte, no agreste pernambucano, no último dia 21. Outros dois sem-terra, apontados como os autores dos disparos - Antonio Honorato da Silva e um outro identificado apenas como Romero - continuam foragidos. Todos estão com prisão preventiva decretada. Outros dois suspeitos foram presos no dia dos crimes.
De acordo com o delegado responsável pelas investigações, Luciano Francisco Soares, Severino foi localizado na casa onde mora, no município vizinho de Agrestina, a 27 quilômetros do local do crime. Com ele a polícia encontrou, e apreendeu, uma moto que teria sido usada na perseguição de duas das vítimas. A operação que culminou na prisão do sem-terra utilizou 45 policiais civis e 40 policiais militares.
Depois do exame de corpo de delito, Severino foi encaminhado ao presídio de Caruaru, onde se encontram os dois sem-terra presos em flagrante no dia dos crimes, Aluciano Ferreira dos Santos, de 31 anos, e Paulo Alves Cursino, de 62. A fazenda Jabuticaba foi alvo de nove ocupações nos últimos cinco anos e começou a ser vistoriada nesta semana pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Os herdeiros da propriedade afirmam que sua área é de 247 hectares - o que a torna imune à reforma agrária -, enquanto o MST afirma que ela tem cerca de 800 hectares - passível de reforma agrária, se improdutiva.
Crimes
As mortes ocorreram depois da saída dos sem-terra da área, por força de reintegração de posse, quando cinco seguranças da Fazenda Jabuticaba teriam ido reaver fotos tiradas pelos trabalhadores em que eles apareciam armados. Como não acharam ninguém na propriedade, os seguranças seguiram para a Fazenda Consulta, na mesma região, também reivindicada pelo MST. Ali, de acordo com testemunhas que depuseram no inquérito, houve um início de confusão entre seguranças e sem-terra.
Dois dos integrantes do MST teriam, então, atirado contra dois dos seguranças, que morreram no local. Depois, os sem-terra seguiram, em motos, na captura dos outros três seguranças. Um escapou e os outros dois foram mortos. Severino teria levado um dos executores na sua moto. O delegado disse esperar concluir o inquérito na próxima semana.