A mulher que morava com o suspeito de manter em cárcere privado uma adolescente de 17 anos e o filho dela, de 5 meses, deve ser ouvida pela Polícia Civil nesta sexta-feira (22), de acordo com o delegado Paulo Sérgio Lauretto, adjunto da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) de Campo Grande.
O suspeito ainda não se apresentou à polícia. O G1 entrou em contato com a atual advogada de defesa, Rosana Tognini, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
"Temos que apurar no inquérito a responsabilidade dessa mulher também com relação a todo esse fato. No dia do resgate, ela [esposa] chegou a negar à PM a presença da adolescente na casa, mas os policiais militares conseguiram visualizar a garota dentro da casa através do muro do vizinho", explicou Lauretto.
Ele disse também ao G1 que a filha do suspeito, que tem ainda outros dois filhos, também deve ser ouvida nesta sexta-feira, além de familiares da vítima e vizinhos. Até o momento, somente a vítima prestou depoimento. De acordo com o delegado, a vítima morava em uma edícula, nos fundos da residência onde o suspeito morava com a esposa e outros filhos, no bairro Guanandi, região sul da cidade.
Caso
Mãe e filho foram resgatados no local pela Polícia Militar (PM) na última segunda-feira, depois que a garota escreveu um pedido de socorro no verso de uma receita médica e entregou à funcionária de uma farmácia.
A adolescente explicou à polícia que não denunciou o caso antes por medo do suspeito, que fazia ameaças.
No pedido de ajuda escrito no verso da receita médica, a adolescente chama o suspeito de psicopata e diz que é mantida em cárcere privado.
A garota disse que também que escreveu o bilhete no mesmo dia em que entregou a receita à funcionária da farmácia. Ela também relata que sofre agressões e ameaças do homem, diz que o suspeito ameaçou tirar o filho dela e indica o nome e o CPF dele.
Vizinhos
Conforme o delegado, em depoimento a adolescente disse que descobriu que o suspeito era casado depois de ter começado o relacionamento com ele, e que, meses depois, a levou para morar na mesma casa onde ele já morava com a esposa e dois filhos. Antes disso, suspeito e vítima chegaram a morar em outras três casas, sendo uma delas da mãe dele.
Ainda conforme o delegado, após perícia realizada em uma das casas onde a adolescente diz ter sido vítima de cárcere, foi constatado que a garota tinha condições de ter pedido ajuda antes.
"Se tivesse esse ânimo anteriormente, ela poderia ter pedido socorro por intermédio de uma janela, que dava para ver os fundos da outra casa do mesmo terreno, porque, as pessoas que ali residem, sabiam da existência dela ali. O que nos chama atenção é isso, a facilidade que ela teria e se quisesse de pedir socorro antes, porém não o fez por medo", afirmou.