A Polícia Civil investiga se o fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, suspeito de ter mandado matar o promotor Thiago Faria Soares, 36 anos, na última segunda (14), no interior de Pernambuco, também dirigia o carro que conduziu Edmacyr Cruz Ubirajara, apontado como o executor da vítima. A possibilidade de não existir uma terceira pessoa envolvida no crime foi informada nesta sexta-feira (18) pela força-tarefa que investiga o crime. José Maria está foragido, e a Secretaria de Defesa Social oferece R$ 10 mil a quem passar informações sobre o paradeiro dele. As buscas, feitas com apoio de 50 agentes, ocorrem principalmente nas cidades de Caruaru e Garanhuns, no Agreste, e Arcoverde, no Sertão do estado.
A Polícia Civil acredita que José Maria mandou matar o promotor por conta da disputa por parte da Fazenda Terra Nova, que fica em Águas Belas, no Agreste, arrematada em um leilão pela noiva da vítima, Mysheva Martins. Nesta sexta, a mulher prestou depoimento pela terceira vez. A escuta foi a mais longa de todas, durou quatro horas e ocorreu na delegacia do município, onde o caso foi investigado.
Após a ouvida, os investigadores explicaram que precisavam de mais detalhes por ela ser considerada a principal testemunha ocular do crime. Na quinta passada (17), o depoimento dela levou apenas meia hora. Mysheva estava no carro com o tio dela quando o promotor foi executado. Os dois conseguiram fugir ilesos. A polícia informou também que a mulher confirmou que não está grávida do promotor e que, no dia seguinte ao crime, ele iria providenciar os documentos do casamento deles, marcado para 1° de novembro, na fazenda pivô da disputa.
Edmacyr Cruz Ubirajara, 48 anos, que é cunhado de José Maria, permanece no Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife, para onde foi levado na quarta-feira (16). Na noite anterior, ele havia se apresentado às autoridades com um advogado e foi reconhecido por Mysheva como um dos participantes da abordagem contra o carro do promotor, atingido por quatro disparos de espingarda calibre 12 na cabeça, em um trecho da PE-300, que liga a cidade de Águas Belas e Itaíba.
Câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais de Águas Belas registraram imagens do carro do promotor antes de ele ser assassinado. Um vídeo exibido no NETV mostra o veículo saindo da cidade, por volta das 8h15, pouco antes de pegar a PE-300. O promotor seguiria para Itaíba, onde ele atuava. Ao todo, há 18 câmeras no comércio da cidade e as imagens de algumas delas foram solicitadas pela polícia.
Em entrevista à reportagem da TV Globo, a esposa de José Maria, Jandira Cruz Ubirajara, afirmou que duvida da culpa do marido. Ela é irmã do suspeito de ter executado o promotor. O delegado responsável pelo caso, Joselito do Amaral, rebateu as declarações da mulher, afirmando que não entende, portanto, a fuga do homem, já que a família o declara inocente.
Entenda o caso
O promotor Thiago Soares foi morto na segunda-feira (14) quando seguia de Águas Belas para a cidade de Itaíba, no Agreste, onde trabalhava. Um veículo se aproximou e fez vários disparos contra o automóvel dele em um trecho da rodovia PE-300.
Segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), a principal hipótese do crime seria uma disputa de terra entre o fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, suspeito de ter encomendado o crime, e a família da noiva de Thiago. O promotor, junto aos parentes de Mysheva, teria arrematado parte de uma fazenda de 25 hectares por R$ 100 mil em um leilão. A polícia indica que a morte foi motivada pela compra. Insatisfeito com o negócio, o antigo dono do terreno teria encomendado a execução.