Enquanto a criminalização da homofobia virou moeda eleitoral, a intolerância ao diferente pode ter feito mais uma vítima nesta semana. O adolescente João Antônio Donati foi assassinado em Inhumas (GO), município com pouco mais de 48 mil habitantes.
Segundo um site nacional, o jovem gay teve pernas e pescoço quebrados. Na boca, um bilhete carregado de ódio: "Vamos acabar com essa praga". As condições cruéis em que João foi encontrado morto revoltaram a pequena cidade a cerca de 45 quilômetros de Goiânia. No Facebook, amigos trocaram a foto de perfil por imagem e expressão "luto".
João levava uma vida como a de qualquer rapaz de sua idade. Tinha muitos amigos, inclusive na Espanha, onde estudou em 2012. Adorava festas e selfies. Não tinha problemas com a própria sexualidade. E era considerado amável e gentil por todos que o cercavam. Por tantas qualidades, muita gente que o conhecia acredita que o crime foi motivado por homofobia.
Criminalização da homofobia
O projeto de lei 122/2006, que criminaliza a homofobia, inclui a discriminação por orientação sexual no Código Penal, na lei de crimes de preconceito de raça e de cor e na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Esse texto ainda está empacado no Congresso Nacional por empecilhos gerados por parlamentares que representam lideranças religiosas e por recuos do Palácio do Planalto. O governo de Dilma Rousseff cedeu aos interesses da bancada evangélica e brecou as articulações no Congresso para aprovar o projeto.