A Polícia Federal investiga rotas internacionais de tráfico de pessoas, com origem no Pará. As vítimas são exploradas sexualmente e submetidas a trabalho escravo.
Bruno Teixeira , ouvidor nacional dos direitos humanos, está em Altamira, no Pará. Ele acompanha as investigações do tráfico de pessoas na região.
Uma operação da Polícia Civil de combate à exploração sexual resgatou 34 vítimas em Altamira e Vitória do Xingu, na semana passada. Seis boates foram fechadas e dois homens estão presos.
?Nós estamos em fase final de conclusão de um relatório que vai apontar de que forma se deu a permanência daquelas pessoas naquele local?, afirma Teixeira.
No Pará, três rotas do tráfico internacional de pessoas foram identificadas pela Polícia Federal e 13 casos estão sendo investigados. A geografia da região facilita a ação dos criminosos.
Muitas vítimas deixam o estado em embarcações clandestinas atraídas pela falsa promessa de uma vida melhor. Uma das rotas leva vítimas da região do Marajó para a Guiana Francesa. Outra sai da Região Metropolitana de Belém para o Suriname. A terceira rota parte do sul do Pará em direção a países da Europa.
?A principal dificuldade é que, normalmente, as vítimas e até conhecidos somente procuram a polícia depois que a pessoa está no exterior, em situação degradante?, diz Uálame Machado, delegado de Polícia Federal.
As vítimas do tráfico disseram à polícia que recebiam ameaças e dormiam em quartos como este, sem ventilação. A porta era trancada por fora. Seguranças armados vigiavam o local. ?Me sentia presa, não tinha como você sair, trancada?, conta uma vítima. ?Tudo o que a gente fazia, levava multa. A gente tinha meia hora para dormir de madrugada?, lembra outra.
O Ministério Público Federal começou a investigar o caso. ?As pessoas serão acusadas desse conjunto de crimes. Ao que se tem agora, o tráfico de pessoas, o trabalho escravo e a exploração sexual?, ressalta Ubiratan Cazeta, procurador.