A Polícia Civil do Piauí, através da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), indiciará nas próximas semanas, um fazendeiro identificado como o responsável por desmatar em torno de 400 hectares de terra na reserva indígena Akroá Gamella, no município de Santa Filomena, na região da Serra do Quilombo, na região Sul do Estado.
As investigações do caso iniciaram no fim do ano passado. Em entrevista ao Meionorte.com, o delegado Emir Maia, da DPMA, explicou que ele deve indiciado por desmatamento sem licença ambiental e esbulho possessório, diante da suspeita de grilagem. A Polícia Civil irá para Balsas, no Maranhão, para notificá-lo e ouvi-lo.
“Foi identificado esse fazendeiro. Ele adentrou em torno de 400 hectares na terra indígena, onde ele alegou que não sabia. Nós vamos a Balsas para indiciá-lo e vamos para Araguaína no Tocantins, pois as maquinas foram alugadas em Araguaína e nós já sabemos quem alugou as máquinas. Vamos após o carnaval. Estamos preparando a equipe para a viagem ao sul do Piauí, Balsas e ao Tocantins”, detalhou o delegado.
Além disso, o fazendeiro desse ser multado. Segundo informes, o valor deve ser em mais de R$ 1 milhão, conforme Emir Maia, que destacou ainda que a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (SEMAR) encaminhará as coordenadas geográficas para ser requisitado o exame pericial ambiental, que apontará os danos e prejuízos causados ao meio ambiente.
“Ele não tem licença nem para desmatar na própria terra dele. Iremos interrogá-lo e posteriormente vamos também indiciar quem alugou os tratores para o desmatamento. Após, requisitar o exame pericial e encaminhar para a justiça. Se porventura o locador das máquinas souber que foi para desmatamento, vai ser indicado também e as máquinas apreendidas. Foram dois tratores”, completa.
Relembre
A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), investiga um caso de desmatamento e grilagem de terras em uma área de reserva indígena no município de Santa Filomena, na região da Serra do Quilombo, no Sul do Estado. As equipes, em ação conjunta com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (SEMAR), estiveram no dia 14 de dezembro de 2022 no local apurando as denúncias e constataram os crimes ambientais.
O delegado Emir Maia e sua equipe estiveram na reserva indígena Akroá Gamella conversando os residentes e ouvindo o representante da tribo e seu filho, que presenciaram o desmatamento.
O líder indígena Adeildo Gamella o relatou ainda que na reserva vivem cerca de 20 famílias, que é reconhecida pelo Instituto de Terras do Piauí (INTERPI) e que infelizmente sente medo, pois sofre constantes ameaças de morte. A reserva indígena Akroá Gamella cobre uma vasta área, onde inclusive, segundo os indígenas, há uma caverna que brota água mineral, a qual abastece um riacho da região.
Além disso, o delegado destacou haver outros lugares da Serra do Quilombo, que cobre outros municípios da região, com suspeitas de crimes ambientais. O exemplo seria Gilbués, onde a DPMA apura um outro caso de desmatamento em uma área de famílias tradicionais reconhecidas pelo Interpi.