A Polícia Civil do Distrito Federal decidiu exonerar, nesta segunda-feira (15), o diretor de comunicação e delegado Miguel Lucena. A medida foi baseada na declaração dada por ele em um grupo de divulgação oficial no WhatsApp – de que "crianças estão pagando muito caro por esse rodízio de padrastos em casa".
A frase fazia referência ao caso de uma menina de 11 anos, estuprada pelo padrasto no Gama. Até as 18h, o suspeito de 32 anos ainda não tinha sido capturado.
Em nota, o Palácio do Buriti informou que "os comentários feitos pelo delegado em grupo de WhatsApp não representam a opinião da corporação". Com a decisão, Lucena deixa de comandar a comunicação da Polícia Civil, mas segue como delegado. A exoneração foi publicada no Diário Oficial nesta terça (16). Quem assume interinamente é a agente Joseane Oliveira.
A declaração gerou uma "reação generalizada" dos demais jornalistas, que questionaram a ideia de atribuir culpa à mãe da criança – e não, ao próprio estuprador. Em resposta, Lucena disse ser "politicamente incorreto", e que "é preciso ter cuidado com quem se leva para casa". Após meia hora de discussão, o delegado e os membros da Divisão de Comunicação (Divicom) deixaram o grupo de mensagens.
O crime
A ocorrência foi registrada pela mãe da criança de 11 anos no início da manhã desta segunda, logo após o crime. Em depoimento à polícia, a mulher diz que chegou em casa por volta das 6h30, e ouviu um relato detalhado do estupro feito pela própria filha.
O corpo da criança tinha sinais de violência, e a janela dos fundos da casa foi arrombada pelo agressor. Além do estupro, o suspeito teria ameaçado a criança e o irmão menor de morte, caso algum deles denunciasse o crime.
Acompanhada da mãe, a menina prestou depoimento à Polícia Civil e foi encaminhada ao IML, para exame de corpo de delito, e ao hospital para os procedimentos de rotina.