Na montagem do quebra-cabeças para reconstituir os últimos passos de Eliza Silva Samudio ? desde o momento em que foi sequestrada na porta de hotel na Barra da Tijuca, na noite de 4 de junho, até ficar cara a cara com seu carrasco em sítio em Minas Gerais, cinco dias depois ?, a Delegacia de Homicídios de Contagem descobriu um novo, misterioso e fundamental personagem, além dos nove que já estão presos. Trata-se de uma loura, de aparelho nos dentes, chamada Fernanda. A jovem seria mais uma amante do ex-goleiro do Flamengo Bruno Souza, principal suspeito de ter planejado o crime. O segredo guardado pelos agentes é sobre o papel desempenhado pela jovem na trama.
O nome da moça já havia sido citado ao longo das duas semanas de investigações, mas sua participação tornou-se efetiva depois do depoimento prestado pelo primo do atleta, o menor J., de 17 anos, na 2ª Vara da Infância e da Juventude do Rio, quinta-feira. Segundo J., Fernanda estaria na casa para onde Eliza e seu filho de quatro meses foram levados, do Recreio dos Bandeirantes, quando deixaram o Hotel Transamérica.
Eliza saiu do hotel por volta das 21h15 do dia 4, sexta-feira, na Range Rover de Bruno, dirigida pelo secretário e amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. J. chegou a afirmar à Divisão de Homicídios do Rio que eles seguiram direto para o sítio do jogador em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mas decidiu contar a verdade na frente do juiz. Repetiu a história de que teria ido ao hotel com Macarrão, escondido no porta-malas do carro, mas admitiu pela primeira vez ter levado a jovem para outro endereço. E naquele local, que segundo o relato seria a mansão do goleiro, estaria Fernanda. A polícia, entretanto, acredita que o esconderijo seria outro.
DEPOIS DE DERROTA DO FLAMENGO
A jovem ? que não teria nenhuma relação com a mulher de Bruno, Dayanne, também presa, nem com a dentista Ingrid Calheiros, atual namorada do goleiro ? teria, inclusive, seguido com Bruno para Minas Gerais no fim da noite do dia 5, pouco depois de o goleiro defender o Flamengo, na derrota de 2 a 1 para o Goiás, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. O casal teria seguido numa BMW X5 preta, seguido por Macarrão, o menor J. e Eliza, já sequestrada e machucada pelas coronhadas que havia recebido na cabeça.
Fernanda chegou a ficar no foco da Divisão de Homicídios do Rio durante as buscas ao goleiro na quarta-feira. Isto porque, depois de apreender o menor J. na casa de Bruno, na véspera, os agentes descobriram que o jogador havia deixado o local logo em seguida, a bordo do Gol vermelho de Fernanda, que o teria acompanhado na fuga. Os policiais também procuraram o jogador em um endereço em Santa Cruz, que seria da ex-amante do atleta.
O DIA NOTICIA O CASO COM EXCLUSIVIDADE
Eliza está desaparecida desde o dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a teria agredido para que ela tomasse remédios abortivos para interromper a gravidez. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para provar a suposta paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza teria sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Durante a investigação, testemunhas confirmaram à polícia que viram Eliza, o filho e Bruno na propriedade. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estaria lá.
A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante o depoimento dos funcionários do sítio, um dos amigos de Bruno afirmou que ela havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi
encontrado. Por ter mentido à polícia, Dayanne Souza foi presa, mas logo conseguiu a liberdade. Na manhã do dia 7 de julho, ela foi detida dentro de casa, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
O bebê foi entregue ao avô materno. O goleiro do Flamengo e a mulher negam as acusações de que estariam envolvidos no desaparecimento de Eliza e alegam que ela abandonou a criança.