Polícia Civil prende membros de torcida organizada com armas

Presidente da torcida, acusado de participar de assassinato de vascaíno em agosto, está entre os presos. Dirigente é intimado e deve depor na sexta

Polícia apreendeu armamento, dinheiro falso e materal oficial do Flamengo na sede da Jovem Fla | Rafael Cavalieri / Globoesporte.com
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O assassinato do vascaíno Diego Martins Leal, em agosto do ano passado, em Tomaz Coelho, subúrbio do Rio, desencadeou uma série de investigações. As informações foram repassadas para a Divisão de Homicídios da Polícia Civil, que iniciou a Operação Fair-Play realizada desde o fim da noite desta quarta-feira. A ação culminou na prisão de oito integrandes da Torcida Jovem do Flamengo, entre eles Carlos Renato Silva Santos, conhecido como Macedo. A operação busca suspeitos de crimes de corrupção, fraude e também contra outras pessoas não só entre os rubro-negros como também nas demais torcidas do Rio de Janeiro.

O vice-presidente de finanças do Flamengo, Michel Levy foi intimado a depor para ajudar nas investigações. O dirigente, no entanto, não recebeu a intimação em mãos, mas seu depoimento está marcado para esta sexta-feira na Divisão de Homicídios da Polícia Civil, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Segundo o delegado Rivaldo, que concedeu entrevista coletiva, o assunto do interrogatório é sigiloso, mas ele revelou que espera a colaboração do vice de finanças do clube. Ele ressaltou ainda que Levy vem na condição de testemunha.

- Ele foi intimado para esclarecer alguns pontos. Ele esteve aqui no dia da morte (do torcedor vascaíno) e servirá como testemunha. De resto não posso mais entrar em detalhes. O assunto é sigiloso - explicou.

A polícia lacrou a sede da Jovem Fla, no Centro, e apreendeu computadores, documentos e um cofre. Após a coletiva, o delegado fez questão de mostrar todo o material apreendido pela Polícia Civil. Nas residências dos presos também foram levados armamentos, drogas e dinheiro falso. Havia também muito material oficial do clube como camisas de jogo ainda com etiqueta. Foram apreendidos também veículos que serviam para fazer escolta dos torcedores.

- O que nos causa surpresa, além de todo material, é o conhecimento de ensinamentos militares que esses torcedores possuem. Apreendemos carros e motos que faziam escolta armada. A estrutura não é de torcida e sim de crime organizado. Nossa ordem é atuar implacavelmente, e é assim que vamos fazer - explicou o delegado.

Em nota, a assessoria de imprensa do Flamengo informou que o clube irá apurar a origem do material oficial apreendido. Algumas das camisas exibidas pela polícia possuem o escudo do Unicef no peito, modelos que não são vendidos na loja oficial do clube. O departamento de futebol costuma receber sobras de camisas da fornecedora de material esportivo e distribuir para diferentes tipos de pessoas. Entre elas, torcedores e parceiros.

- O Flamengo desconhece, a denúncia é grave e vai apurar se este material realmente saiu de dentro do clube - informou a direção do Rubro-Negro, em nota.

Chefe da Polícia Civil, a delegada Martha Rocha corroborou as palavras do delegado e aproveitou para mandar o recado para as outras torcidas do Rio de Janeiro.

- Estamos apenas começando. O estádio é lugar de paz, alegria e palco de um espetáculo que deve ser visto por famílias e não por bandidos. O foco não é o Flamengo e sim todos os demais clubes. Temos o apoio do Ministério Público e vamos em busca dessas pessoas que não se comportam como torcedores - finalizou.

Dos dez mandados de prisão, oito foram efetuados - começando pelo Norte e pelo Sul do estado. O acusado Fernando Porto de Oliveira, por exemplo, foi preso em Volta Redonda e chegou ao Rio de Janeiro de helicóptero.

Confira os nomes dos presos (na foto, da esquerda para a direita): Alexandre de Oliveira Medeiros, o Corredor; Afonso Ribeiro da Silva Júnior, o Afonsinho; Alan Flores da Costa, o Fininho; Carlos Renato Silva Santos, o Macedo; Anderson Mendes da Silva, o Padrinho; Felipe Ventura dos Santos Silva, o Felipinho; Thiago de Oliveira Ramos, o Noturno; Fernando Porto de Oliveira.

No início da tarde, o Flamengo divulgou uma nota oficial repudiando qualquer tipo de violência cometido por torcedores do clube. Além disso, o clube disse que não tem responsabilidade alguma sobre os atos cometidos pela torcida organizada. Confira a íntegra abaixo.

O Clube de Regatas do Flamengo reitera que repudia qualquer tipo de violência. E ainda esclarece que não possui qualquer tipo de responsabilidade por todo e qualquer episódio causado por facções de torcidas organizadas.

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