Praças e oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Piauí deflagram um movimento que reivindica melhores salários e equipamentos para a tropa, ameaçando realizar um protesto denominado ?polícia legal?, espécie de operação-padrão em que prometem trabalhar apenas se as condições mínimas de trabalho forem atendidas.
?Nosso movimento é legalista, não vamos invadir quartel nem fazer greve ou aquartelamento, mas podemos parar a polícia e os bombeiros de forma a impor que as nossas reivindicações sejam atendidas de forma ordeira?, diz ao G1 o capitão Evandro Rodrigues, presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Piauí.
O protesto começou na última sexta-feira (8) em uma assembleia que reuniu PMs e bombeiros de várias cidades na sede da Associação de Cabos e Soldados em Teresina. Os PMs pedem equiparação dos salários de todas as patentes com a recebida pelos policiais civis do estado.
Segundo o movimento, um soldado recebe mensalmente R$ 1.405,37, enquanto um agente de terceira classe, que estaria na mesma posição, tem salário de R$ 2.527,02. A desproporção, diz o PM, "vale até para coronel?, que tem soldo de R$ 8.869,42, enquanto que um delegado de classe especial da Polícia Civil tem salário de R$ 10.780,83.
Falta de equipamentos
O capitão afirma que os PMs estão indo às ruas sem armas ou coletes à prova de balas e as viaturas da corporação não estão emplacadas.
?Na semana passada, um sargento morreu baleado em um confronto com bandidos que roubavam um banco porque não usava colete. Nosso movimento só pede as condições mínimas para trabalhar para a sociedade: algemas, armas, equipamentos de proteção individual, sem o qual estamos expondo nossa vida?, diz o oficial.
?Vamos parar a polícia porque vamos nos negar a dirigir viatura que não tiver emplacada. Cerca de 80% das viaturas nossas não têm emplacamento. Isso é absurdo. Os documentos também estão irregulares. Podemos prender as viaturas de outras secretarias que também estão sem placas e documentos?, afirma Rodrigues.
Os policiais reclamam também que não possuem curso para direção de viatura de emergência, o que impediria que os militares dirigissem carros policiais.
PM nega falta de material
Porta-voz da PM do Piauí, o capitão Genival Lisboa diz que o comando da corporação está aberto a negociações e nega que haja falta de equipamento para os policiais.
?O sargento que morreu estava sem colete mesmo, mas havia a disposição no quartel onde ele trabalhava. O que acontece é que os policiais se negam a usar equipamentos que são usados por outros. As condições podiam melhorar, mas equipamentos não faltam?, afirma.
Lisboa negou que haja viaturas sem placa no estado. ?Isso não acontece, esta informação não procede também. Pode ser algum caso isolado, que o carro está em processo de emplacamento e que esteja usado devido à necessidade no policiamento?, acrescenta o oficial.