O tenente Arlindo Castro, da Polícia Militar de Macapá (AP), que foi atingido no olho esquerdo por um copo de vidro durante uma ocorrência de roubo, precisará de um transplante de córnea. Arlindo passou por uma consulta na última quarta-feira (2) no Banco de Olhos de Sorocaba (BOS), no interior de São Paulo.
?A sutura feita no olho é muito recente e a cirurgia teve de ser adiada. Quando ele voltar para Sorocaba, em junho ou julho, será feita a inscrição dele no BOS e o procedimento. Não há fila de espera, portanto, a cirurgia será feita rapidamente?, explicou o médico oftalmologista Eduardo Conforti, especializado em córneas e responsável pelo tratamento do tenente.
No entanto, o médico alerta que não é possível fazer diagnósticos precisos devido à gravidade da lesão. ?Vai ser difícil ele voltar a enxergar 100% devido à gravidade da perfuração traumática que ele sofreu, mas com certeza o transplante realizado em breve irá melhorar muito a nitidez do que o Arlindo consegue ver atualmente?, pondera Eduardo.
O oficial conta que chegou à Sorocaba o após oito horas de viagem de avião. O translado foi custeado com ajuda do governo e também através de uma coleta feita entre os militares do Amapá. Para Arlindo, o cansaço da viagem não abalou sua esperança em voltar a enxergar.
"Eu estava sentindo muitas dores e não conseguia dormir, mas agora estou bem melhor. Apesar do olho estar muito machucado, eu consigo ver cores e forma, mas tudo sem definição. Agora com o transplante, minha esperança fica redobrada. Minha fé de voltar a enxergar é inabalável?, comenta o tenente, que trabalha há mais de 24 anos na Polícia Militar e nunca havia sofrido um acidente.
O caso
A agressão ao oficial ocorreu no momento em que ele atendia a uma ocorrência de roubo em uma casa localizada em uma área de periferia, no bairro Perpétuo Socorro, Zona Leste de Macapá, em março. O tenente da PM passou por cirurgia, onde levou 50 pontos na córnea. ele conta que os primeiros diagnósticos apontavam que Arlindo poderia perder a visão do olho esquerdo.
?Quando eu recebi a ?copada? coloquei logo a mão no rosto. Ainda cheguei a pensar em disparar, mas sabia que eu poderia matar algum inocente, então fui para o carro e pedi para que me levassem ao hospital?, declarou o tenente, emocionado ao lembrar do episódio em entrevista.
O oficial relata que na casa onde atendeu a ocorrência estava acontecendo uma festa onde participavam cerca de 50 pessoas. Ele atendeu ao chamado na companhia de mais dois militares. ?Um homem que já havíamos detido por roubo apontou a casa [local da agressão] como o lugar onde estaria escondida uma outra pessoa envolvida no crime. Quando chegamos lá havia muita gente e todos se armaram com cadeiras e garrafas de vidro, foi aí que eu fui atingido?, contou. O suspeito de ter atingido o tenente foi preso na mesma semana.