A Polícia Militar arrombou uma porta lateral da Câmara Municipal do Rio de Janeiro na noite deste sábado (28) para retirar os professores que ocupam o local desde quinta-feira. Por volta das 23h, os policiais estavam dentro da Câmara e havia confusão com os manifestantes. Os PMs usaram spray de pimenta.
Os professores disseram que foram retirados à força da Câmara. Eles contaram que os policiais agiram com violência e que muitos foram empurrados, o que resultou em ferimentos nas pernas e braços. O 5º Distrito Policial confirmou a detenção de três manifestantes. Por volta das 2h, eles estavam sendo ouvidos e, segundo a polícia, seriam liberados em seguida.
Desta vez, os policiais não usaram balas de borracha no confonto, mas trouxeram um galão que expelia uma grande quantidade de gás de pimenta, segundo a reportagem.
Ao menos cinco professores foram levados ao Hospital Municipal Souza Aguiar, disse Rosilene Almeida da Silva, do Sindicato Estadual dos Professores do Rio de Janeiro. Segundo ela, houve excesso de truculência. Por volta das 2h, a Guarda Municipal tentou retirar as barracas de manifestantes que estão acampados próximo à Câmara, mas recuaram, disse Rosilene.
A reportagem tentou falar com a Polícia Militar para confirmar as informações, mas não conseguiu contato. Em nota, a assessoria de imprensa da PM disse que cumpriu o mandato de reintegração de posse. "O comando da PM tentou durante todo o período de ocupação uma forma de entendimento, mas não houve acordo, a PM cumpriu a determinação da Justiça", informa a nota.
Desocupação
Os policiais chegaram por volta das 21h à Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A PM foi enviada depois de a Casa enviar um ofício à corporação pedindo ajuda para que fosse feita a reintegração de posse. A rua teve de ser bloqueada.
Segundo nota da Câmara enviada nesta tarde, durante as quatro vezes em que o local foi invadido, a postura tomada pela casa foi a de buscar um diálogo democrático.
?Tentamos fazer com que os manifestantes, na época, entendessem que o Legislativo não pode parar de funcionar. Hoje, não se trata de ocupação pacífica e é clara a intenção de impedir o funcionamento da Casa. A Justiça já havia expedido mandato de reintegração de posse duas vezes, nos casos das ocupações da Casa ocorridos anteriormente. Desta forma, a Câmara não necessita recorrer novamente à Justiça, pois possui auto-executoriedade e poder de polícia para assegurar, como determina a Constituição Federal, seu livre funcionamento?, informou, em nota, a Câmara.
Em outro trecho da nota, a Câmara disse que enviou o ofício ao comandante-geral da Polícia Militar para a "desocupação do Palácio Pedro Ernesto por aqueles que utilizam a força para impor sua vontade, em detrimento dos princípios democráticos". "Tais atitudes constituem verdadeiro atentado ao estado democrático de Direito, odioso comportamento que a democracia se envergonha de oferecer e que não honra a conduta dos representantes do Magistério, sempre respeitado pela sociedade."
Os professores da rede municipal entraram em greve no dia 8 de agosto e, após assembleia realizada na sexta-feira (27), na Cinelândia, ao lado da Câmara Municipal, decidiram pela manutenção da greve e pela continuidade da ocupação do plenário.
"Entramos em greve no dia 8 de agosto por uma educação pública de qualidade. Temos uma pauta enorme que o governo nem sequer discutiu. A proposta enviada à Câmara prejudica a carreira de todos os profissionais da educação", afirmou Susana Gutierrez, coordenadora regional do sindicato. Professores da rede pública de educação votaram por unanimidade pela manutenção da greve.
"Queremos a retirada desse projeto de plano de cargo do prefeito. Ele formulou a proposta de forma individual, não houve a discussão com o sindicato, apesar de ele ter se comprometido a fazer esse debate com a direção do sindicato antes de encaminhar para a Câmara. De posse desse conteúdo, verificamos que esse plano não aponta para uma valorização da categoria", afirmou a coordenadora do sindicato Ivanete Conceição.