A Polícia Federal encaminhou à secretaria-geral da Interpol na França pedido de inclusão do nome de Adelino D"Assunção Nobre de Melo Vera Cruz Pinto, ex-vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre (RS), na lista de procurados internacionais.
Adelino Pinto foi denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de estelionato e coaçã. Ele estaria por trás do desvio de R$ 2,5 milhões da Arquidiocese da capital.
O nome de Adelino, no entanto, ainda não consta no site da Interpol. Procurado, Amadeu de Almeida Weinmann, advogado de defesa do ex-vice-cônsul, não quis falar com o G1.
O delegado da Polícia Civil responsável pelo inquérito, Paulo César Jardim, explica que, a partir de agora, a Interpol pode prender Adelino Pinto, mas isso não significa extraditá-lo para o Brasil. ?O governo português não extradita seus cidadãos.?
As investigações de Jardim só puderam avançar depois que o governo de Portugal renunciou à imunidade consular de Pinto.
Ainda na fase de inquérito, o delegado pediu a prisão preventiva do ex-vice-cônsul. Após a conclusão, já na fase processual, a prisão preventiva foi novamente pedida e decretada.
Em agosto, pouco antes de ter a prisão preventiva decretada, o vice-cônsul voltou a Portugal.
Paralelamente ao processo, explica Jardim, toda a documentação referente ao caso foi encaminhada para o Ministério das Relações Exteriores, que comunicou a Embaixada de Portugal.
?Também o Ministério Público de Portugal está investigando ele lá. Antes de vir para o Brasil na condição de cônsul, [Adelino Pinto] já tinha aplicado golpes lá?, diz o delegado da Polícia Civil.
No site do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Adelino d?Assunção Nobre de Melo Vera-Cruz Pinto ainda aparece como vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre.
Histórico
Segundo a polícia, no fim de 2010, o então vice-cônsul informou a um grupo de padres que ajudaria a restaurar igrejas de origem portuguesa no estado. Para isso, seriam investidos R$ 12 milhões, doados pelo governo português através de uma organização não-governamental da Bélgica.
Para que o dinheiro fosse liberado, no entanto, a arquidiocese teria que fazer um depósito de R$ 2,5 milhões, como garantia de que tinha mesmo a intenção de fazer as obras. O valor seria devolvido quando chegasse a doação do governo português.
"Fizemos um projeto de restauro e apresentamos para o consulado [português] para que avaliassem a possibilidade de investir nesse trabalho e fortalecer o elo cultural entre os dois países. São obras que foram construídas com referências arquitetônicas portuguesas. Depois dos depósitos, o investimento para as obras não veio e a caução não foi devolvida", disse o padre Celso Leandro Padilha, em entrevista ao G1 em março deste ano.
As obras aconteceriam na Igreja Nossa Senhora da Conceição e no prédio da Cúria Metropolitana, ambas em Porto Alegre, e na Igreja Bom Jesus, em Triunfo.