A perita que identificou o corpo de Juan Moraes Neves como sendo de uma menina prestou depoimento na Corregedoria da Polícia Civil, na Zona Portuária do Rio, nesta terça-feira (19). A polícia não informou o conteúdo das declarações da perita, já que a sindicância instaurada corre em sigilo.
A corregedoria da Polícia Civil informou que outras pessoas que participaram da perícia no corpo de Juan serão ouvidas. A polícia investiga o que motivou o erro na análise do corpo encontrado no último dia 30 de junho, no Rio Botas, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. O local onde o corpo estava fica a cerca 18 km do local onde o menino foi visto pela última vez.
Inicialmente, a perícia disse que o corpo encontrado à beira do rio era de uma menina. Depois foram feitos exames de DNA que comprovaram que o corpo era de Juan. A Polícia Civil divulgou apenas em 6 de julho que o corpo encontrado era mesmo do menino desaparecido. A perita foi afastada do cargo.
A ONG Rio de Paz organiza, nesta terça-feira (19), um protesto contra a violência e a impunidade no Rio, um mês após a morte do menino Juan Moraes, de 11 anos. Voluntários do movimento fixaram 177 placas com a pergunta "Quem Matou Juan?", no Aterro do Flamengo, na Zona Sul.
PMs suspeitos no sumiço de Juan
Juan desapareceu em 20 de junho, após uma operação da Polícia Militar, na comunidade Danon, onde morava, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Quatro policiais militares do 20º BPM (Mesquita) que estavam na comunidade no dia da morte do menino estão sendo investigados e foram afastados das ruas pelo comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte. Outros sete policiais que estavam patrulhando a comunidade no dia da operação policial também são investigados.
Na ocasião, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que caso sejam comprovados erros de policiais no episódio, eles serão punidos.
"Mesmo que, muitas vezes, a gente erre, como a polícia errou, essas pessoas vão ser responsabilizadas por esse erro, e se, por ventura, esses policiais tiverem qualquer tipo de participação neste fato horrendo, eles vão ser punidos exemplarmente", disse Beltrame.
Justiça autoriza quebra de sigilo telefônico
Em 12 de julho, a Justiça do Rio determinou a quebra do sigilo telefônico de dez pessoas que estão sendo investigadas pelo sumiço e morte de Juan. O juiz Márcio Alexandre Pacheco da Silva, do 4º Tribunal do Júri de Nova Iguaçu, autorizou a quebra de sigilo telefônico entre o dia 2 de junho até 4 de julho de 2011. O pedido foi feito pelo Ministério Público.
Reconstituição
A reconstituição da morte do menino foi feita no dia 8 de julho e terminou por volta das 2h de sábado (9), na Favela Danon. Os quatro PMs suspeitos no caso foram os últimos a serem ouvidos. Além dos quatro PMs, outros três que também estavam perto do local no dia do tiroteio também participaram da reprodução simulada.
Na noite do dia 20 de junho, Juan vinha da casa de um amigo com o irmão, Wesley, de 14 anos, quando teria sido atingido durante um confronto na comunidade. O irmão e outro jovem, Wanderson dos Santos de Assis, de 19 anos, também ficaram feridos. Os dois estão no Programa de Proteção de Testemunha.