A perícia do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) retirou nesta segunda-feira (21) uma parte de fio de arame farpado que estava em uma cerca perto da represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, onde foram encontrados o corpo e o carro da advogada Mércia Nakashima. A perícia quer saber se o arame rasgou uma camisa que foi apreendida na casa de Mizael Bispo de Souza, de 40 anos, ex de Mércia e apontado como suspeito da morte. Ele nega o crime.
Os peritos voltaram nesta manhã à represa onde o corpo de Mércia foi encontrado em 11 de junho. Para a Polícia Civil, o ex-namorado da advogada é o principal suspeito, mas ele afirma que estava com outra mulher no dia 23 de maio, quando Mércia desapareceu após deixar a casa dos avós em Guarulhos, na Grande São Paulo.
A polícia quer saber se o rasgo nas costas da camisa é compatível com o arame farpado. É investigada a possibilidade de o criminoso ter passado pela cerca para fugir. Em depoimento, um pescador afirmou ter visto um carro afundar na represa no mesmo em que Mércia sumiu. Ainda, segundo a testemunha, ela viu um homem alto, não identificado, deixar o veículo e também disse ter escutado gritos de mulher. Para se chegar a cerca, o assassino utilizou uma trilha.
Barra de ferro
Além da cerca de arame farpado, os peritos também procuravam outros elementos que pudessem ajudar a esclarecer o assassinato.
De acordo com pessoas ligadas aos institutos Médico Legal (IML) e de Criminalística (IC), a fratura no maxilar de Mércia poderia ter sido causada por um "instrumento contundente pesado."
Os peritos ainda não sabem ao certo o que teria provocado a lesão, mas não descartam a possibilidade de a vítima ter sido golpeada por barra de ferro, bastão, cassetete ou pedaço de madeira. Não há informações de alguma peça similar a esta foi achada nesta segunda pela perícia.
Segundo o irmão de Mércia, Márcio Nakashima, a vítima teve pelo menos cinco fraturas entre a maxila superior e a inferior. "No dia da autopsia, soube que ela ficou com um machucado na frente do rosto. Era uma lesão em formato circular que poderia ser compatível com algum instrumento cilíndrico", afirmou Márcio, nesta segunda, por telefone ao G1.
Terra nos sapatos
Além da camisa rasgada de Bispo, os peritos também analisam a terra encontrada nos calçados do advogado. Ela será comparada com a lama recolhida do fundo da represa onde o carro de Mércia estava submerso. Para a polícia, o criminoso poderia ter tido a ajuda de mais uma pessoa para matar a advogada. Um vigilante que conhece o advogado sumiu após a morte de Mércia e é procurado para prestar esclarecimentos.
O rastreador do carro do ex-namorado mostra que ele esteve perto da casa dos avós de Mércia no dia 23. Bispo alega que estava com uma mulher, da qual não se recorda o nome.
Apesar dos ferimentos encontrados no rosto de Mércia e de seu corpo ter sido achado boiando na represa, a causa da morte da advogada ainda é desconhecida. O IML trabalha no laudo que apontará o que matou a vítima. O IC faz exames no veículo da mulher para tentar achar indícios que ajudem a esclarecer o crime.
A reconstituição do crime deverá ser feita na noite do dia 29 de junho, uma terça-feira, no mesmo local onde foram achados o corpo e o veículo de Mércia. Os peritos vão basear a reprodução simulada na versão apresentada pelo pescador que afirma ter visto um carro afundar na represa.