A violência na rede de ensino tem despertado um alerta em todo o País. Os casos de ataques à escolas tornaram-se corriqueiros, situação que evidencia a necessidade de uma maior atenção para as escolas. Recentemente uma professora foi agredida por um chute de um aluno de 15 anos de idade em uma escola estadual na Zona Norte do Rio de Janeiro. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), nos últimos quatro anos foram registradas 1728 vítimas de lesão corporal dolorosa, sendo 84 professores e 11 diretores.
As agressões relatadas incluem socos, tapas e pontapés. Segundo dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), o número de vítimas entre estudantes chega a 1.026. Também é destacado que em 47,86% dos casos não existe nenhuma relação entre a vítima e o agressor. No entanto, 6,42% dos casos envolvem alunos que agrediram seus próprios professores, e 2,71% são profissionais de educação que agrediram os estudantes.
Em relação ao perfil das vítimas, 54,91% são mulheres e 43,92% são homens. Do total de 1.728 casos, 46,93% são de vítimas brancas, 36,28% são pardas e 12,15% são negras. Entre as vítimas, 813 são adolescentes de 12 a 17 anos de idade. Além disso, há 303 crianças entre 0 e 11 anos de idade, sendo 5 com 0 ano, 15 com 1 ano, 19 com 2 anos, 12 com 3 anos, 24 com 4 anos, 31 com 5 anos, 26 com 6 anos, 20 com 7 anos, 21 com 8 anos, 28 com 9 anos, 28 com 10 anos e 74 com 11 anos.
Em termos de localidade, 38% dos casos ocorreram no município, com a cidade do Rio de Janeiro registrando 657 casos. Os bairros com maior número de registros são: Campo Grande (33), Bangu (31), Tijuca (23), Santa Cruz (17), Taquara (17), Barra da Tijuca (17), Realengo (17) e Sepetiba (16). Em segundo lugar, encontra-se o município de Duque de Caxias, com 83 registros, seguido por Niterói com 83 casos. São Gonçalo (69) e Nova Iguaçu (64) também estão entre os municípios com números significativos de agressões.
Um incidente de violência ocorreu em uma escola da rede estadual localizada na Zona Norte do Rio, onde uma professora foi agredida com um chute por um aluno de 15 anos. O episódio ocorreu durante uma reunião entre o estudante, sua mãe, a diretora e a coordenadora pedagógica da escola na última quarta-feira. A reunião tinha sido agendada para explicar ao adolescente e sua mãe o motivo do cancelamento de sua matrícula, uma vez que ele já havia se matriculado em outra escola e não frequentava mais aquela unidade de ensino.
"Enquanto eu estava conversando e olhando para a diretora-adjunta, ele se levantou e chutou o meu rosto. Não deu tempo de eu fazer nada", relatou a professora, sem se identificar.
A professora precisou ser afastada de suas funções na escola após um laudo psiquiátrico atestar que ela não possui condições de voltar à escola. A profissional está ainda com dificuldades para dormir e amamentar-se. Segundo ela, muitos alunos ficaram agressivos após a pandemia de Covid-19.
"Além da agressividade, nós não temos nenhum pessoal de apoio. Nós não temos um porteiro, não temos um coordenador de turma, não temos um inspetor", declarou.
Dois dias antes do ocorrido, o aluno já havia ameaçado a professora em sala de aula ao saber que não poderia mais frequentar a escola. A vítima registrou o incidente em uma delegacia. Segundo relato da professora, ela teve apenas três encontros com o adolescente: no início do ano letivo, no dia 26 anterior ao episódio e no dia da agressão.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. A professora passou por um exame de corpo de delito que constatou a lesão em seu rosto. Ela afirma que ainda não tem condições de retornar ao trabalho.
"Aplicativo Rede Escola e Botão do Pânico"
O aplicativo "Rede Escola", foi desenvolvido pela Polícia Militar com o objetivo de acionar viaturas em casos de emergência dentro das escolas. O aplicativo está disponível para Android e iOS, permitindo que usuários cadastrados, sejam eles alunos ou funcionários, possam solicitar ajuda com apenas um clique.
Antes de acionar a polícia pelo aplicativo, é necessário realizar um cadastro. Além das informações pessoais como nome completo, telefone, CPF, data de nascimento e e-mail, é preciso informar a relação do cadastrado com a escola, como sua função no caso de profissionais ou se é aluno. Cada pessoa cadastrada pode vincular-se a até três unidades escolares.
Para evitar trotes e garantir que o pedido de socorro seja feito com facilidade, o dispositivo móvel utilizado precisa estar dentro de um raio de até 500 metros da escola em questão. Após o cadastro no aplicativo, basta acionar o botão vermelho localizado na parte inferior da tela e a equipe da Polícia Militar mais próxima será acionada em até 10 segundos.