A sobrevivente de um crime brutal de um caso que fez a cidade inteira parar e fazer um pedido conceceu uma entrevista a uma emissora nacional. Essa é a primeira vez que a garota de 15 anos consegue falar sobre o que aconteceu, ela está na casa da avó sendo amparada pela família. O crime aconteceu na cidade de Uruçui, a quase 600km de Teresina, no Sul do Piauí. Flaviano de 19 anos e a namorada dele de 15, grávida de cinco meses foram vítimas de homicídio e estupro coletivo de três menores que já aterrorizavam a cidade.
A garota toma coquetéis fortes, tratamento obrigatório para mulheres que foram abusadas, mas o bebê passa bem, acabou se tornando também um sobrevivente mesmo antes de nascer. “Eu o amava e ainda amo. Ele falou que as três mulheres da vida dele era eu, a avó dele a mãe dele. O médico disse que é um menino e ele sonhava que queria ter um homem. ”, contou.
“Ele falou: ‘cala a boca e não encara a gente senão eu vou furar tua mina’, na mesma hora eu senti uma dor que parecia que eu ia perder meu bebê, minhas pernas começaram a tremer, eu não conseguia andar. Um me abusou e depois o outro ficou lá pedindo para ser o próximo, ele falou: ‘calma depois é tu, daqui vinte minutos eu te chamo’, mandaram eu vestir a roupa, depois me levaram para mais perto dele e me abusaram na frente dele. Em seguida pegaram a camisa, amarraram o braço dele, ele começou a chorar e eu fiquei desesperada, pedi por favor para não matarem ele, disse que fazia tudo que eles quisessem mas mesmo assim eles mataram. Fui lá, peguei nele, tentei segurar o pescoço para ver se parava de sangrar mas ai eles me pegaram de volta e diziam que não era para eu fugir. Quando eu me levantei um falou assim: ‘ei volta aqui você pensa que vai para onde? Agora eu vou te matar’, pedi por favor para não me matarem que eu tinha um filho, disse ‘não se preocupe que quando eu chegar na minha casa eu vou tomar um monte de remédio e vou morrer, ninguém vai saber que vocês fizeram nada’ e eles me deixaram ir. Eu vou escolher o primeiro nome e colocar o nome dele no segundo, ele sempre ia comigo no hospital quando chegava do serviço, mesmo cansado ele vinha aqui me visitar, a gente ia morar junto na casa da avó dele”, falou ela entre lágrimas.
A mãe de Flaviano, não aguenta de tanta dor. “Eu não sei dizer mais nada, só mesmo caminhar nessa casa, puxar meus cabelos e procurar meu filho e não acho”, falou. Flaviano era o filho mais velho da família, aos 19 anos trabalhava com o pai como carpinteiro. “Ele trabalhava comigo todo dia, era um filho muito presente e querido tanto de mim como de todo mundo”, contou o pai.
O pai lembra que Flaviano disse que ia sair com namorada, de madrugada ele ouviu alguém batendo na porta, achou que Flaviano tinha esquecido a chave. “Quando eu levantei a policia estava na porta, perguntando se eu era o pai do Flaviano, ele disse que meu filho tinha sido vitima de um assassinato e meu mundo desabou”, disse.
“Eu acho que eles fizeram aquilo com meu filho porque não conheciam, se eles conhecessem eram incapazes de fazer isso. Meu filho eu sei que você está com Deus, manda força para mãe, ou me leva junto para aliviar”, falou ela aos prantos.