Seis mortes foram registradas desde o início da madrugada deste domingo em Salvador e região metropolitana, o que faz subir para 73 o total de óbitos regitrados pela Secretaria de Segurança Pública baiana (SSP-BA) desde o dia seguinte ao anúncio da grave de policiais militares na capital deste Estado, na última terça-feira, 31 de janeiro.
Salvador viveu o pico da onda de violência na sexta-feira, quando 32 pessoas foram mortas. A escalada dos óbitos, junto com a onda de saques e roubos que fechou o comércio e disseminou um ambiente de insegurança generalizada na cidade, arrefeceu com a chegada de contingentes adicionais de segurana enviados pelo Exércio e pela Guarda Nacional, mas no sábado o número de mortes ainda foi expressivo: 14, mesmo total registrado na quinta-feira.
De acordo com os dados disponibilizados na SSP, pode-se observar que não há regiões que concentrem de modo desproporcional as vítimas fatais. Pro exemplo, a região que condensa o maior número de mortes (sete) é Simões Filho, município da região metropolitana de Salvador.
Outro dado significativo é a grande quantidade de mortos que não foram ainda identificados: são 39, mais que a metade do total de vítimas fatais. Nesse sábado, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), teceu duras críticas aos policiais ligados à paralisação e negou o pedido de anistia aos envolvidos.
"É uma tentativa de guerra psicológica. Coloca o povo a sofrer, mas não tenho dúvida de afirmar que parte disso é cometido por ordem dos criminosos que se intitulam líderes do movimento", declarou. As palavras de Wagner seguiram as do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que foi a Salvador acompanhar a ação do efetivo de segurança federal.
"A nossa compreensão é que o nome dessa polícia e das ações de segurança, o nome desse Estado não pode ser atingido por um grupo de pessoas que imagina que as suas reinvindicações corporativas possam fazer valer qualquer tipo de ação, possam fazer valer a prática de crimes, abusos de todas as naturezas. Isso é inaceitável em um estado de direito", disse.
Cardozo também solicitou vagas em presídios aos PMs infratores. Além das mortes e da onda de saques, a greve prejudica a programação cultural de Salvador, que teve uma série de shows e ensaios cancelados. O andamento normal do ano letivo escolar também está ameaçado: o contingente extra de policiamento federal ajudará nas escolas públicas, ao passo que as escolas privadas poderão atrasar o retorno às aulas até que a greve seja finalizada.