Cerca de três horas antes de se jogar do 13º andar junto com seu filho de seis anos, o professor Edemir de Mattos, 52, brincava com o garoto no pátio do prédio em Osasco, no interior de São Paulo. De acordo com o zelador do edifício, Carlos Alberto da Paz e Silva, 50, o clima era tranquilo entre o pai e o menino Ivan Pesquero.
?Eles brincaram lá no pátio até umas 20h e subiram. Eu deixei meu serviço às 22h, quando estava jantando, e fiquei sabendo da briga?, disse Silva.
Do momento em que foi chamado por vizinhos até Mattos se jogar abraçado com Ivan não se passaram mais do que cinco minutos, relata Silva. ?Quando entrei no apartamento, após a tragédia, vi muito sangue. Tudo estava revirado. A cama estava cheia de sangue. A mulher ainda disse: ?Viu, seu Carlos, o que ele fez?"?, afirmou.
A mulher do professor, Celia Regina Pesquero, 49, que diz ter sido agredida pelo marido, contou que ele estava transtornado antes de se jogar. Vizinhos relataram ter ouvido um barulho vindo do apartamento e tentaram abrir a porta.
Ferida
A mulher, uma química, 49, afirmou à polícia que o marido era muito nervoso e costumava ser agredida por ele. Segundo ela, o professor tinha o trauma de um casamento anterior no qual não pode mais ver sua outra filha após a separação e costumava dizer que poderia matar o filho ou fugir com ele. Na segunda, ele teria tido um acesso de raiva sem nenhuma explicação e começado a ameaçar a matar o filho e se suicidar.
Pelo relato da vítima, a mulher preparava um lanche para o filho quando Mattos começou a ficar agressivo. Na sequência, ele teria agredido a química com socos e pontapés.
A mulher foi ferida no maxilar pelo marido antes de ele se matar junto com o filho. Uma moradora, que não quis se identificar, disse que Celia foi encontrada ?desfigurada?. ?Ela parecia um monstro. Não dava para reconhecê-la.?
Mattos e Celia, segundo moradores ouvidos pela reportagem, eram um casal discreto. ?Eles eram apenas de ?bom dia" e ?boa tarde". Preservavam muito a vida íntima?, disse uma vizinha.
Agressões
Mattos era professor de inglês e faixa preta de judô. Já Celia era pesquisadora da faculdade de Saúde Pública da USP. Em depoimento à polícia, Celia afirmou que o marido era ?agressivo? e que ela ?sempre apanhava?. Procurados, familiares afirmaram que preferiam não comentar o caso. ?Estamos todos abalados com tudo?, disse Maria Suely Pesqueiro, tia de Ivan.