Uma página na rede social criada na última segunda-feira traz imagens e posts de apoio a Maycon dos Reis, 27, o tatuador preso em flagrante desde sábado (10) pela tortura de um jovem de 17 anos que estaria roubando uma bicicleta na pensão onde Reis mora. O tatuador e seu vizinho Ronildo de Araújo registraram a agressão na qual o jovem é tatuado com a frase “sou ladrão e vacilão” na testa.
Ambos foram levados em flagrante ao 3º DP de São Bernardo junto com o equipamento utilizado na agressão. Ainda no sábado a juíza Inês del Cid, da Vara Criminal de São Bernardo decretou a prisão preventiva dos dois. Em 2008 Araújo foi preso por roubo a carro e condenado a 5 anos e 4 meses de prisão.
Fabiana Severo, vice-presidente do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, condena a criação do perfil na rede social.
— “Uma página deste tipo tem um alto poder de comunicação em massa e pode gerar também atos de violência em massa. Ela faz uma falsa alegação de injustiça cometida com o agressor. Eles não dizem na página, por exemplo, o que o acusado fez com o rapaz. Isso é motivo para se pedir a retirada da página do ar. A liberdade de expressão tem limites, justamente quando se atinge outras liberdades.
Severo afirma ainda que Maycon e Ronildo não estão sofrendo nenhum tipo de injustiça, uma vez que foram presos por um crime grave - tortura é considerada crime grave segundo a Constituição - e têm garantido o direito à ampla defesa e ao contraditório.
— Existe um processo legal em curso. Tatuar aquela frase na testa do jovem se configura como tortura. O Brasil e vários outros países do mundo são signatários de tratados pelo fim da tortura.