Terminou por volta das 14h desta sexta-feira (28) a operação da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), do Ministério Público e da Agência Nacional de Petróleo (ANP) para fiscalizar depósitos irregulares de botijão de gás. De acordo com o delegado da Draco, Claudio Ferraz, mais de 600 botijões de gás foram apreendidos em Caxias, na Baixada Fluminense.
O material será transportado para uma distribuidora, que ficará responsável pela guarda dos botijões. De acordo com a Draco, eles pretendem ir a outras regiões do Rio de Janeiro ainda nesta sexta-feira.
A ação teve início em Caxias por causa de um levantamento de preços do gás oferecido ao consumidor, realizado pela ANP. O levantamento constatou que em Caxias foi o local onde o preço médio do gás mais aumentou em 2010. A pesquisa foi feita em oito municípios.
Tráfico e milícia dominam venda
Denúncias indicam que, frequentemente, donos de depósitos de botijões de gás são extorquidos por milicianos.
Em muitas comunidades, onde há a presença de traficantes ou milícias, a venda de gás funciona de outro jeito bem mais caro e injusto.
Nas áreas controladas por milícias ou traficantes, são eles que decidem o preço do gás e não o mercado. O preço aumento para que os comerciantes possam pagar propina aos criminosos. O preço médio do botijão é R$ 38. Mas no conjunto de favelas do Alemão, em Bonsucesso, no subúrbio, em favelas da Ilha do Governador, onde há tráfico de drogas, e na Carobinha, em Campo Grande, na Zona Oeste, onde há milícia, os moradores pagam cerca de R$ 45 pelo botijão de gás.
Na Rocinha, em São Conrado, na Zona Sul, o botijão de gás é ainda mais caro: R$ 48, ou seja, R$ 10 acima do preço médio da cidade. A venda de gás é uma fonte de renda certa para o tráfico, e pode render um faturamento extra de R$ 1 milhão por mês.
Nas regiões onde não há gás encanado, estão comunidades carentes onde vivem cerca de 420 mil famílias que dependem do botijão, de acordo com a ANP.